É, como dizem, o gigante acordou. Ele, que estava deitado eternamente em um berço esplêndido, levantou-se contra aqueles que, aproveitando-se dessa situação de letargia, partiram para espoliarem, pilharem o sofrido povo brasileiro, privarem-no de uma saúde digna, de um transporte barato e confortável, de uma educação que realmente dê condições à população de evoluir como pessoas, fazerem uma carreira profissional de sucesso- o que hoje é para poucos. Enfim, o gigante se levanta e descobre que é mais forte do que pensava, que as finas amarras pelas quais estava atado não podiam contê-lo diante de tantas situações de injustiça social, de corrupção, de arrogância da parte da maioria dos políticos que, longe de representarem os interesses do povo, cuidam mais dos seus próprios.
Creio que seguimos para a construção de um novo Brasil socialmente mais justo e menos corroído pelos maus políticos e suas habilidades corruptas, um país que sabe aproveitar-se das suas imensas riquezas naturais, que possui uma população trabalhadora, honesta, simples, e que não mais aceitará calada os desmandos e ladroagens que até hoje se instalaram comodamente no poder.
Chega!
Posto, abaixo, um artigo de autoria do meu amigo, o Israel Barbosa, que ao longo dos seus 70 anos de vida, sofreu, lutou e , agora, espera ver realizado o sonho de um país justo e honesto para que seus filhos e netos tenham uma vida melhor.
Fernando Marin
O grito marginal
Por: Israel Santana
Quando nos deparamos com o que está acontecendo nas ruas do nosso país varonil, invocamos os anos setenta, onde havia enfrentamento contra a ditadura, através de protestos, passeatas e até mesmo de guerrilha urbana e rural como base para a revolta popular.
Tinha-se uma visão crítica e um empenho em ações coletivas visando construir um mundo melhor. As recentes manifestações de rua, são a continuidade de outras semelhantes, e a confluência de diversos grupos organizados ou não, em torno de lutas sociais e/ou politicas diversificadas.
Nos anos setenta, a grande maioria da população e a maioria da juventude, estava alienada às grandes questões que se debatiam no Brasil e no mundo, além do fato da ditadura ter proporcionado um tal de" milagre econômico"que calava a boca de muita gente e enchia a barriga de muitos. Naquele tempo a seleção canarinho conquistava o tricampeonato mundial de futebol que cria, como agora, uma euforia natural para se explorar um nacionalismo ingênuo, mas convincente.
Esse movimento nos lembra que politização é possível e que politicidade é direito de todos. É de se esperar que o povo não lute por apenas vinte centavos, mas que continue nas ruas por moralidade nos serviços públicos, transparência nos negócios, educação de qualidade e saúde para todos. Leonardo Boff assim se expressou recentemente: " Nutro a convicção de que a partir de agora se poderá refundar o Brasil a partir de onde sempre deveria ter começado, a partir do povo mesmo que já encostou nos limites do Brasil feito para as elites. Estas costumavam fazer política pobre para os pobres e rica para os ricos."
E, finalmente, o gigante ferido acordou para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Israel Santana
Pernambucano, pastor batista, missionário, atualmente congregando na Primeira Igreja Batista em Rio Largo (AL).