Mais uma vez, pedi autorização ao Pr Marcos Granconato para compartilhar com todos um artigo sobre um tema bastante atual: a corrupção.
Ela está presente em todas as partes do mundo, em maior ou menor grau, mas pode chegar a comprometer até 33% do PIB, onde é mais atuante.
Quando falamos em corrupção a maioria imagina que ela apenas aconteça no meio político, mas não é verdade. Ela está no cotidiano das pessoas, naquela momento em que um guarda de trânsito recebe uma 'gorjeta" para não multar um carro, na falsificação de uma carteirinha escolar para se pagar meia-entrada no cinema, na falta de emissão de nota fiscal quando se efetua uma venda, etc.
É nas pequenas atitudes do dia-a-dia que a corrupção se instala na vida de muitos, às vezes sem ser notada. É como diz a famosa 'lei de Gérson", criada através de uma propaganda de marca de cigarros na década de 70: o importante é se levar vantagem em tudo.
E por aí, bilhões vão se escoando pelo ralo, deixando de atender às demandas maiores da população.
Convido a lerem e refletirem no texto abaixo e, principalmente, convido a uma mudança de atitude a partir de agora em relação àqueles pequenos atos de que falei. Afinal, nada muda se não mudarmos.
Fernando Marin
Corrupção
O
Brasil inteiro está assustado com a corrupção. Não que ela seja
uma novidade para nós. É claro que não. Não somos tão ingênuos
assim. O que assusta o povo brasileiro é o grau e a amplitude da
corrupção. Em nosso país, vemos que ela é como uma chaga que
afetou o corpo inteiro. Não há uma só parte que não tenha sido
atingida. E isso numa dimensão assustadora. Quando ouvimos falar de
suborno, não pensamos mais em algumas notas dentro de um envelope.
Pensamos em bilhões. Isso mesmo... bilhões! Algo que o mundo nunca
viu em sua história!
Segundo
vejo, a corrupção é especialmente grave porque é assassina. Por
causa dela famílias inteiras morrem em estradas que deviam ser mais
seguras, mas não são porque houve “desvio de verba”. Por causa
da corrupção milhares de pessoas sofrem amargamente e morrem nos
corredores de hospitais abandonados. Por causa da corrupção não há
vacinas para a população que enfrenta graves epidemias e vê seus
queridos sofrendo e morrendo como vítimas de doenças terríveis.
Aliás, é por causa da corrupção que as epidemias perduram, pois
não há investimento pesado no combate a elas. Tudo vai para o bolso
de meia dúzia de ladrões que têm, assim, as mãos sujas de sangue
inocente.
Sim,
o corrupto é um malfeitor perverso; um canalha que prejudica
gravemente milhares de pessoas enquanto mantém na boca seu discurso
hipócrita e seu sorrizinho cínico. Olhe para uma criança com
microcefalia, pense na vida que ela terá de levar sendo uma pessoa
limitada, observe a angústia e a luta agora perene de seus pais e
considere que, se você olhar para trás, numa sequência de causas
ininterruptas, no início de toda essa desgraça verá a mão de um
corrupto que tomou para si os recursos que seriam usados no combate
àquela doença.
Por
isso, não devemos ver o corrupto apenas como um pilantra safado. Ele
é um assassino, um genocida frio privado de qualquer sentimento de
culpa, um torturador a distância, alguém que torna a vida de
milhões de pessoas um inferno, fazendo com que haja desemprego em
níveis jamais vistos, carestias, aumento da criminalidade, péssima
segurança pública, baixa qualidade de ensino, ruas esburacadas...
Podemos ter certeza de que a corrupção é a causa onipresente de
todos os males que torturam o nosso povo, desde a falta de iluminação
em um poste da rua até a proliferação das favelas.
O
que pensar disso tudo à luz da Bíblia? Bem, em primeiro
lugar temos de entender que a corrupção não é um problema
cultural como dizem por aí. É claro que ela está engendrada na
cultura do nosso povo. Mas a corrupção é, basicamente, um problema
espiritual. Olhe para Isaías. Esse profeta que viveu no século 8
a.C. denunciou a corrupção política de Israel, condenando,
inclusive, a venda de sentenças judiciais (Is 1.23). Isaías
fazia isso não como um “reformador social urbano”, como afirmam
os teólogos de esquerda, mas sim como um defensor das prescrições
da aliança. Ele sabia que no cerne dos problemas sociais de Israel
estava o abandono da lei de Deus. Por isso, ele não se importava a
priori com “reformas sociais”, mas sim com uma conversão
nacional — o retorno à obediência a Javé.
Quando
lemos o capítulo 1 de Isaías, ficamos
impressionados com a semelhança que há entre a realidade suja do
seu tempo e a realidade brasileira atual. Então percebemos que a
corrupção é sim um “problema cultural”, mas que esse problema
afetou nossa cultura por causa da falta do temor do Senhor e do
descaso diante da Palavra de Deus.
Com
efeito, somos uma nação de ateus zombadores. Nossas crianças, sem
jamais terem ouvido um versículo bíblico sequer, xingam os mais
velhos com palavrões e, muito cedo, se enchem de malícia. Nossos
jovens levam vidas ocas, nutrindo os vícios que aprenderam com seus
pais e correndo atrás de futilidades. Se ouvem algo sobre o
evangelho, escarnecem. Se são advertidos, tapam os ouvidos. O
coração dos nossos jovens é novo, mas já se enrijeceu. Eles vivem
vidas sujas, não se importam com isso, não escutam ninguém e,
nisso tudo, muitas vezes contam com o incentivo dos familiares.
Considerem
ainda nossas famílias. Há desrespeito, brigas, mentiras,
separações... Tudo isso porque as verdades da Palavra são
desprezadas. Ora, Isaías mostra que, quando isso acontece com um
povo, o que se pode esperar é o aumento da injustiça e o caos
social e político, manifesto inclusive na corrupção. Na raiz da
“Lava Jato” está o desprezo por Deus.
Isso
nos leva a uma segunda consideração. Se a raiz do problema da
corrupção é o desvio espiritual, então a única solução para
esse problema é o arrependimento, o voltar-se para Deus, andando nos
seus caminhos. É o que diz Isaías: “Lavai-vos, purificai-vos,
tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de
fazer o mal” (Is 1.16). Sei que isso está muito longe de
acontecer com nossos políticos e com nosso povo. Sei que isso está
longe de acontecer com nosso mundo. Por isso, sei que a corrupção
assassina vai continuar no Brasil e em todo o planeta. Em nosso caso,
talvez haja alguma redução temporária em face das punições mais
frequentes, mas o fim da corrupção sem o temor do Senhor é um mito
que merece somente o nosso riso. De fato, acreditar que a corrupção
vai acabar quando houver mais educação e maior noção de cidadania
é o mesmo que dizer que o incêndio de um prédio vai se extinguir
se as pessoas começarem a cuspir nele. Uma grande bobagem!
A
verdade é que o fim de todo esse chiqueiro só ocorrerá com a vinda
gloriosa do Rei da Justiça. Enquanto ele não vem, oremos por nossa
pátria amada — a “mãe gentil” que engorda devorando a carne
dos seus filhos.
Pr.
Marcos Granconato