Cotidiano V
Tantos assuntos importantes acontecendo e eu sem tempo para escrever!!
Por isso, tenho recorrido ao que os amigos postam. E lendo esse material, publicado pelo amigo Pr Barbosa Neto, um defensor árduo da família, da ética e do Evangelho, não pude deixar de compartilhá-lo com vocês.
Afinal, como anda a família brasileira? O que temos feito em prol dela?
Há tempos vimos a dissolução familiar acontecendo dia a dia, mas parece que somos poucos os que defendem a estrutura familiar formal. Sinto que estamos perdendo terreno para todo o tipo de liberalidade!
Ainda tenho a esperança de dias melhores, mesmo assistindo ao desabamento da sociedade moderna.
A leitura do texto é leve, interessante e reflexiva.
A segunda postagem também é muito oportuna, e vem nos trazer à tona a questão da criação de nossos filhos.
Fernando Marin
Papai
ainda mora aqui?
Estranhando
a prolongada ausência do pai em casa, a neta de Magali Cunha chegou
para avó e perguntou: "Vó, o papai ainda mora aqui?"
A
pergunta da menininha me fez recordar um episódio semelhante, vivido
por Billy Graham. Logo no início de seu ministério, o evangelista
foi com sua equipe realizar as chamadas cruzadas na distante
Austrália. Por lá, ele e a equipe ficaram muito tempo. Meses
depois, quando Billy retornou a casa, o filho Franklin olhou estranho
para o pai e foi perguntar à mãe quem era aquele homem.
Muitas
vezes as exigências da vida roubam de nós o tempo que gostaríamos
de dedicar aos nossos familiares. Mas uma coisa é certa: precisamos
definir as prioridades. Se os filhos são pequenos, eles devem
receber a devida atenção. Até porque, não ficarão pequenos para
sempre, nem para sempre ficarão conosco. É comum encontrar pais que
olham para trás e lamentam que não tenham podido dar mais tempo aos
filhos. Agora, que gostariam de fazer isso, os filhos já cresceram e
têm outros interesses! Por essas e outras é que o Eclesiastes
ensinava que "TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para
todo o propósito debaixo do céu" (Ec 3.1). Há um tempo,
definido e limitado, quando podemos jogar bola com o filho, brincar
de boneca com a filha, brincar de casinha, correr, empurrar de leve o
filho num balanço, enfim... ser um pai ou mãe que dedique tempo
para curtir a infância dessas pequenas criaturas que o Criador, por
pouco tempo, nos emprestou. Quanto mais quando se sabe que essas
serão as memórias mais gloriosas que conservarão consigo pelo
resto de suas vidas!
O
grande desafio que a vida coloca aos pais do século XXI é
justamente encontrar o equilíbrio entre o presente e o futuro. Será
que vale a pena dar aos filhos um futuro de riquezas perdendo com
isso a vivência com eles na infância? Para achar esse equilíbrio,
os pais necessitarão da suprema sabedoria do Céu.
Pr.
João Soares da Fonseca
Pr. José Rene Toledo - rene@batistas-mg.org.br
O Mundo Tenebroso, materialista e inadequado das "novas" festas infantis.
Bolo,
balão, brigadeiro, amigos, familiares e parabéns. Onde encontramos
todas essas coisas? Em festas de aniversário, especialmente nas de
crianças, é claro! Infelizmente essa afirmação já não é tão
óbvia assim nos dias atuais, quando as festas, nas classes médias e
elites, ganharam espaços e formatos bem singulares – na maioria
das vezes inadequados para os pequenos e massificados pelo mercado.
Sem
tempo de preparar as festas dos filhos com a devida atenção os
pais, hoje, acabam recorrendo a um mercado extremamente rentável de
festas infantis customizadas que fazem tudo sob medida para o
aniversariante. Os preços começam de aproximadamente R$ 2,5 mil e
chegam até a espantosa soma de R$15 mil, segundo reportagem do
ano passado.
Comecei
a refletir sobre esse fenômeno no final dos anos 90, por ocasião do
boom das festas em bufês. Nelas, a única coisa que remete ao
aniversariante e à infância é, muitas vezes, o convite com a
assinatura da própria criança. Ao chegar, você se depara com um
baú onde deve “depositar o presente ao homenageado” – é esse
o verbo usado pela recepcionista que fica na entrada. Depositar o
presente, sem se esquecer de anotar seu nome no embrulho, para a
criança saber, quando chegar em casa e abrir seu baú cheio de
presentes, muitos repetidos, quem foi o “ coleguinha remetente”.
Aquela delícia de dar o presente, escolhido a dedo ou feito com as
próprias mãos; e de receber, desembrulhar e agradecer parece estar
fora de moda.
A
festa se desenrola, na maioria das vezes, em horário e com músicas,
comidinhas ou brincadeiras nada adequadas à faixa etária convidada.
No decorrer da comemoração, o pequeno aniversariante é estimulado,
incansavelmente, por animadores que a todo momento nos fazem lembrar
que hoje é o seu dia – e não do personagem famoso, geralmente
licenciado, estampado nos quatro cantos do salão tentando roubar a
cena das crianças.
A
decoração em geral não foge ao padrão princesas para as meninas e
super heróis para os meninos – como dita Walt Disney. Enquanto
isso os pais, aqueles que conseguiram acompanhar seus filhos, ficam
geralmente tomando uma bebidinha e jogando conversa fora, num
merecido momento de descontração. Mas quem acompanha as crianças
nas festas são, muitas vezes, as ditas folguistas – as babás de
fim de semana –, que formam um séquito de branco de olhos atentos
nos pequenos.
No
fim da festa, a criança geralmente volta para casa exausta com
tantos estímulos sonoros, visuais e gustativos, e um saco cheio de
presentes, com uma ressalva para as famílias que pedem doações
para crianças carentes no lugar de presentes ao homenageado.
Ainda
assim, somos levados a questionar o que foi celebrado ali: as
conquistas de mais um ano de vida entre amigos e familiares – ou o
consumo?
É
claro que os bufês infantis foram se modernizando e ganharam novos
conceitos que acompanham as tendências das classes mais favorecidas,
tais como alimentação mais light, sucos verdes, brigadeiros
gourmet, brinquedos mais orgânicos, brindes inovadores e decoração
ligada à natureza. Contudo, a essência consumista não mudou em
nada e segue impregnada nesse rentável modelo de negócios.
Festas
das elites
Mas
isso não é tudo. O ano de 2011 marcou o início das festas sobre
rodas. Meninas entre 6 e 11 anos, das elites de grandes centros
urbanos, começaram a cobiçar festas que acontecem dentro de
limusines locadas, geralmente cor de rosa.
As mães das pequenas“noivas” alugam esses veículos pelo valor aproximado de dois mil reais para festejar mais um ano da vida de seus filhas, confinadas no trânsito de grande metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo – ao som ensurdecedor de celebridades mirins e ao sabor de doces e refrigerantes.Ainda assim, somos levados a questionar o que foi celebrado ali: as conquistas de mais um ano de vida entre amigos e familiares – ou o consumo?
É
claro que os bufês infantis foram se modernizando e ganharam novos
conceitos que acompanham as tendências das classes mais favorecidas,
tais como alimentação mais light, sucos verdes, brigadeiros
gourmet, brinquedos mais orgânicos, brindes inovadores e decoração
ligada à natureza. Contudo, a essência consumista não mudou em
nada e segue impregnada nesse rentável modelo de negócios.
“noivas”
alugam esses veículos pelo valor aproximado de dois mil reais para
festejar mais um ano da vida de seus filhas, confinadas no trânsito
de grande metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo – ao som
ensurdecedor de celebridades mirins e ao sabor de doces e
refrigerantes.
A
festa pode esgotar-se ali mesmo – sem espaço para troca ou
movimento –, mas muitas vezes prolonga-se com uma ida a um
cabeleireiro ou spa infantil, onde as convidadas podem pintar as
unhas, maquiar-se ou exibir penteados arrojados. Exercitam assim o
consumismo, valores materialistas e a sexualidade precoce.
E
os meninos, peças fundamentais no exercício da brincadeira, e
amigos queridos da aniversariante? Ficam de fora, como manda o
figurino e o sexismo – desde a mais tenra idade. O sucesso dessas
festas foi tão grande que a moda se reinventou e hoje atinge o
público adolescente e o adulto com as famosas Festbus, que acontecem
dentro de ônibus – transformados num grande salão de festas com
pista de dança itinerante.
Já
no ano passado o maior hit das festas infantis foram as chamadas
festas do pijama, antes reconhecidamente caseiras – quando um grupo
seleto de amigos passava a noite na casa do aniversariante. Hoje,
mercantilizadas e abocanhadas pelo mercado infantil, têm decoração
personalizada, com brindes que podem ir de pijamas e cobertores até
tendas ou sacos de dormir, feitos sob medida para os convidados.
Estes, depois de passarem horas navegando individualmente em seus
tablets, adormecem na casa do amigo e levam os “mimos” para casa.
O velho colchão de dobrar, guardado embaixo da cama ou em cima do armário da casa da vovó saiu de moda, assim como também ligar para mãe que está recebendo os amigos para saber como estão as crianças ou simplesmente agradecer o pernoite. A comunicação entre pais fica restrita a seus filhos via whatsapp, denunciando a perda do sentido de coletividade e comunidade. E quem entretém as crianças são geralmente animadores contratados, com atividades tipo guerra de travesseiro.
Em
pouco tempo, este tipo de festa tornou-se a principal escolha de
meninas entre 6 e 11 anos – como previu uma empresa carioca
pioneira em festas para crianças que criou, inclusive, uma cartela
de opções para o que chama de minisleep. Ideias para lá de
“criativas” compõem o cardápio da empresa: festas de culinária,
festas em sítios, focadas em futebol e onde mais sua imaginação e
recursos financeiros puderem alcançar. Outra empresa focada nesse
mercado inventa o que seu desejo mandar para a festa dos seus filhos,
sem que você precise sequer sair de casa e desde, claro, que possa
pagar por isso.
Vale
dizer que até o singelo bolinho na escola ganhou novos contornos,
estimulados pela própria instituição de ensino – que deveria ter
o papel de fomentar outros valores e formas de homenagear o
aniversariante. Hoje, o famoso “parabéns” em sala de aula pode
ser acompanhado por uma roda de presentes, enviados pelas famílias
para o “dono do dia”, que sai da escola com um saco de 15
presentes ou mais, sendo que, muitas vezes,nenhum
tem a autoria do amigo. Presente feito coletivamente na escola,
cantoria de músicas ou algo que o valha parecem valores esquecidos,
numa sociedade que mercantilizou as datas comemorativas e tem
ensinado às crianças que, para ser, é preciso ter.
Mudaram,
portanto, os valores, e não apenas os locais das festas. O que é
transmitido para as crianças quando seu aniversário é festejado
dentro de salões de beleza ou limusines? O que elas vão querer na
festa de quinze anos ou no dia do casamento? O que pensar de famílias
que se endividam o ano inteiro para isso e que, quando a festa acaba,
já querem saber da criança o que ela pretende ter na festa do ano
que vem?.
Cabe
aos pais essa reflexão, numa tentativa de reinventar, criativamente,
a comemoração do aniversário de seus filhos, de uma forma mais
sustentável e que valha a pena rememorar no futuro. E, claro, às
escolas cabe a reflexão sobre o lugar social que ocupam na vida
dessas famílias – lugar que deveria ser de formação para
cidadania e não de bufê infantil.
Mas,
nem tudo está perdido. A tendência contrária são as comemorações
ao ar livre, em parques, com a criançada correndo solta atrás da
bola, entre as árvores. Foi reconfortante receber um convite da
festa de aniversário do filho de amigos, feito pela própria
criança. A comemoração foi no Jardim Botânico do Rio. Lá, tive a
chance de entregar o presente na mão da criança e lanchar delícias
feitas pelas tias e avós. Tudo muito original, com o lugar decorado
por um grande mural de fotos dos momentos vividos no último ano pelo
aniversariante e seus amigos, que ali estavam. No fim, o “dono do
dia” carregava um saco não tão grande de presentes, mas um enorme
sorriso no rosto. Ele pode partilhar, com pessoas importantes na sua
vida, conquistas e atividades que ficarão na memória. E o brinde
foi um cd, gravado pelo seu pai e ilustrado pelo irmão mais velho,
com suas músicas preferidas. Isso, sim, merece ser festejado!
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