A Igreja Espetáculo
Por: Fernando Marin
Tenho dito que quase nada mais me surpreende, basta se ler
um jornal ou um site de notícias para nos depararmos com todo o tipo de
barbaridades, corrupção, crimes e coisas do tipo. Mas, algumas ainda me chamam
a atenção, mais pelo fato de que são assuntos os quais eu costumo discutir – ou
não – e que vem de encontro àquilo que penso.
Coloquei um “ou não” porque nem todos os assuntos costumo
discutir em público, infelizmente muita gente não compreende bem os temas e
parte para a simples agressão – às vezes até de fato – por não possuírem uma
argumentação sólida. Às vezes até posto temas polêmicos, mas me eximo de
discutir ou de colocar em debate, já fui até ameaçado de exclusão em uma rede
social por um amigo que não admite que alguém pense diferente dele, enfim, para
manter uma amizade muitas vezes é melhor não dizer nada.
Mas, hoje logo de manhã, lendo as notícias me deparo com uma
publicada pelo jornal O Dia (http://odia.ig.com.br/brasil/2017-11-09/homem-tenta-esfaquear-pastor-durante-culto.html),
um homem, ao participar de um culto em uma conhecida denominação evangélica,
teria tentado esfaquear o pastor por “não ter gostado do louvor”, fato
acontecido em São Paulo.
O fato me trouxe à mente uma série de outros e acabei por
escrever esse artigo, mesmo contra a minha vontade. Sei que serei criticado,
mas isso faz parte da vida.
Todos os dias pastores são “esfaqueados” por ovelhas
descontentes, ou com o louvor, ou com o líder de algum departamento, ou porque
estava frio, não gostou do sermão, ou porque está insatisfeito com alguma coisa
dentro da igreja, ou porque o pastor fala baixo, reclama-se e critica-se tudo.
A maioria dos pastores estão acostumados a isso, e vão tocando a sua missão com
o pensamento só em Deus. Outros, se irritam e acabam praticando atos
incompatíveis com o ministério. Mas, tenho visto igrejas onde a rotina foi
adaptada aos novos tempos, cultos espetaculosos, grupos de louvor equipados com
o que há de melhor, som digital, vídeo, transmissão ao vivo, etc.
As atividades são diárias, reuniões, almoços, jantares,
festas das mais variadas. Muitos cultos tem a participação de grandes e
conhecidos pregadores e cantores. As mensagens são dinâmicas e sempre muito
otimistas, afinal somos filhos do Rei, tudo tem que acontecer de bom em nossas
vidas, não é?
Os templos, cada vez maiores e mais luxuosos, construídos
para abrigar muita gente, e com um custo também cada vez mais alto, daí a
necessidade de frequentes campanhas de arrecadação para obras, melhorias e
manutenção, um valor que seria muito melhor aplicado em evangelismo / missões.
Pastores criativos que oferecem , por alto preço, todo tipo
de artigos, toalhas ungidas, água de rios “sagrados”, vassouras para varrerem o
mal, tijolos, cd’s, dvd’s , ou pedem mesmo ofertas ‘de amor’ ou ‘de fé’ sempre
de valores altos e determinados.
E assim, todos os dias tomamos conhecimento de pastores e
igrejas que, com as suas doutrinas próprias, estão cada vez mais afastados do
Evangelho de Jesus Cristo.
Não sou contra a música, o canto, a dança, as festas, porém
entendo que a pregação da Palavra – e ela é dura, muito dura! – é o que deve
nortear uma igreja bíblica. Tenho andado por aí e verifico uma grande
quantidade de “crentes” que desconhecem o Evangelho, e isso me entristece.
Moro em uma cidade que hoje tem 140 mil habitantes, e mais
de mil igrejas, de todos os tamanhos e denominações, uma base de 140 pessoas
por igreja, umas tem 900 membros, enquanto que outras reúnem poucas pessoas,
mas a conta está aí.
Puxa, essa cidade deveria ser uma benção, um paraíso, não é?
Tantas igrejas para pouco mais de 140 mil habitantes. No entanto não é essa a
realidade, o tráfico de drogas está disseminado, roubos, assaltos constantes,
jovens bebendo nas ruas, bailes funk, boates repletas, todo tipo de coisas
amplamente condenados pela Palavra.
Creio que ainda há tempo para as igrejas locais acordarem
para a realidade e deixarem de ser como clubes privados ( há exceções) e
partirem para cumprirem a verdadeira missão que receberam de Jesus, a de
fazerem discípulos por toda parte. Enquanto a igreja não cumprir com a sua
Missão, almas continuarão se perdendo. E essa responsabilidade foi dada pelo
Mestre a todos os crentes.
E por isso seremos cobrados.
Fernando Marin