Por: Fernando Marin
Estamos a poucos dias das eleições, quando o povo brasileiro
terá a oportunidade de escolher aqueles que vão governar e legislar em seus
municípios. É uma excelente ocasião para se refletir e votar em pessoas
realmente compromissadas com o bem estar da população, voltadas para
uma gestão séria e competente dos recursos públicos, que possam bem gerir a
área da saúde pública, da educação, do desenvolvimento, enfim, que possam
trabalhar pela melhoria da qualidade de vida, dando, assim, mais valor à vida
humana, libertando, principalmente os mais pobres, das cadeias que os prendem à
miséria, à falta de esperança no futuro, à carência de recursos básicos que
possam garantir uma vida com alguma dignidade.
Neste, como em todo ano eleitoral, tomamos conhecimento de
uma serie de candidatos à prefeito e vereadores que apareceram com todos os
tipos de promessas e de realizações, chamando a nossa atenção para a
necessidade de examinarmos, com bastante cuidado, o currículo de cada um, para
que não caiamos em erros que, mais tarde, nos custarão caro.
Mesmo com a chamada “Lei da Ficha Limpa” em vigor
(finalmente), não estaremos livres de virmos eleitas pessoas despreparadas ou
que estejam comprometidas com empreiteiras, alianças políticas de conveniência
ou consigo próprios, o que é muito comum de acontecer em nosso país.
Por outro lado, assistimos a uma certa apatia da parte de muitos
que, devido aos desmandos e escândalos a que tem assistido, deixaram
simplesmente de acreditar nos políticos e em um futuro melhor, anulando os seus
votos ou votando em qualquer candidato , sem avaliar as consequências que um
voto errado pode trazer à toda uma população, já carente de muitas necessidades
básicas.
Em anos eleitorais, também surge uma discussão que já é
conhecida no meio eclesial, e que diz respeito ao envolvimento dos cristãos com
a política, tido por muitos como errado, pois consideram a política como um
‘jogo sujo’, desonesto, e que, por esses motivos, pregam que o povo de Deus
deve , simplesmente, se alienar das eleições e deixar que Ele resolva todos os
problemas do nosso País.
Provérbios 29.2 “
Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o
povo reclama.”
Mas, o que é “política” ? Se recorrermos à Wikipedia,
descobriremos que política é “ arte ou ciência da organização, direção e
administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos
da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos
regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se
ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.”
De acordo com essa definição, todas as vezes em que votamos
ou participamos da vida da nossa comunidade, estamos fazendo política.
Mas, o que tem a Teologia a mostrar sobre isso?
Quando recorremos às Escrituras, vemos que, como cristãos,
somos considerados como o ‘sal da terra” e a” luz do mundo” (Mateus 5.13 e 14).
Assim, onde estivermos, deveremos fazer a nossa parte de maneira a exercer
a perspectiva bíblica que deve reger as
nossas atitudes. Temos que fazer a diferença aqui neste mundo, mesmo sem
pertencermos a ele.
Na verdade, a própria Bíblia nos ensina as histórias de
diversos personagens que foram agentes de Deus na política, personagens esses
que, servos fiéis de Deus, tiveram atuação importante e marcante em funções de
destaque no governo , sem se deixarem corromper , ao contrário, homens que
pautaram as suas vidas na Palavra de Deus e que, por isso, se tornaram grandes
exemplos do amor e da conduta ideal de um cidadão do Reino de Deus.
Esse foi o caso de José, por exemplo. Por ser o filho
favorito de Jacó e de Raquel, foi vendido como escravo pelos seus irmãos,
invejosos. Pela sua conduta, em pouco tempo se tornou o superintendente da casa
de Potifar, alto oficial egípcio. Por resistir à sedução da esposa do seu
superior, acabou injustamente no cárcere, até que Faraó o chamou para ajuda-lo
na interpretação de um sonho. Com a benção de Deus, José salvou o Egito e
muitos outros povos vizinhos de um período de fome, que durou 7 anos. Tornou-se
conhecido como homem sábio, e foi nomeado uma espécie de primeiro ministro, com
amplos poderes e subordinado diretamente ao próprio Faraó.
Outro personagem bíblico que fez a diferença, foi Daniel.
Descendente da família real de Judá, aos cerca dos doze aos dezesseis anos já estava na Babilônia ,
como cativo judeu. Com os seus companheiros, foram forçados a trabalharem para
a corte real babilônica, tendo recebido o treinamento adequado. Logo, se
distinguiu entre os demais, pela sua sabedoria e piedade, especialmente pela
sua fidelidade a Deus. Já no palácio de Nabucodonosor, com a ajuda de Deus,
conseguiu interpretar um sonho do Rei, tendo subido no conceito real, assumindo
o cargo de governador da província da Babilônia e de inspetor-chefe da casa
sacerdotal, permanecendo por muito tempo
em funções de destaque no reino.
Poderia citar muitos outros personagens bíblicos que atuaram
na política, e que foram benção para o povo e para o reino de Deus aqui na
terra, mas, creio que os dois citados são suficientes para entendermos que a
mera participação em atividades político-administrativas, não desmerece nenhum
cristão.
Ao contrário, nosso engajamento na administração pública, de
forma direta ou não, pode vir a ser um canal para , na dependência de Deus,
sermos agentes de bênçãos para muitas outras pessoas, como foram José e Daniel,
entre outros.
A Bíblia, em Efésios 2.10 (“Pois foi Deus quem nos fez o que
somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos
as boas obras que ele já havia preparado para nós.”), nos deixa claro o que se
espera de cada cristão, que estejamos prontos para as ‘boas obras’ reservadas
por Cristo para nós. Essas ‘boas obras’, são o cumprimento dos propósitos de
Deus na vida de cada cristão, pregar o evangelho, amar e servir ao próximo, ser
uma testemunha de Jesus onde quer que esteja, irradiando o amor em todas as
ocasiões e lugares , sendo agente e meio de bênçãos para todas as pessoas.
O cristão é um cidadão, como qualquer outro, com os seus
direitos e deveres cívicos e morais. Na política, assim como no cotidiano, o
cuidado sempre estará em colocar o governo pessoal de Deus sobre a sua vida
acima de qualquer outra coisa, dando bom testemunho em todas as situações,
sendo bom exemplo de conduta moral, de honestidade, de comprometimento com a
melhoria da qualidade de vida das pessoas, de combate sem tréguas à corrupção e
a todos os tipos de atos contrários aos ensinados por Deus, sendo o verdadeiro
‘sal da terra’, sendo uma luz nas trevas, deixando que a Glória de Deus
resplandeça através dos seus atos, fazendo a diferença neste mundo.
“Se um cristão, um líder ou denominação advoga um
não-envolvimento, que avaliem até que ponto tal ato será uma omissão que acaba
contribuindo para consolidar o poder do espinheiro. Por outro lado, se um
cristão, um líder ou uma denominação defendem e participam politicamente, seus
maiores desafios são permanecerem fiéis ao chamado profético de influenciar, em
lugar de serem influenciado. De serem luz, em lugar de trevas. De fornecerem
saber, em vez de serem pisados pelos homens.”
Pr Marcio Garcia
Na política, ou em qualquer outra atividade, cabe ao cristão
uma conduta ética e moral condizente com a sua condição de filho do próprio
Deus.
Fernando Marin