Não pude deixar de reproduzir esse belíssimo artigo do Rev. José do Carmo, para que todos pudessem ler e aprender com ele. Edificante!
Nas tramas da vida real
se contrapondo a Avenida Brasil só há final feliz quando a graça e o amor de
Deus gerando o arrependimento e o dar e pedir perdão triunfam no coração humano.
Uma reflexão sobre
Avenida Brasil e a Graça do Caminho.
No afã de saciar o
desejo humano de punir o mal e o mau, as novelas funcionam como uma válvula de
escape, e acabam promovendo o mal. Elas oferecem um vilão pa
ra saciar a sanha
do povão, a personagem Carminha, de Avenida Brasil, é a bola da vez.
Não sou de assistir
novelas, mas confesso que dia desses estava em casa à noite e dei uma olhada em
um capitulo da supracitada trama global. A cena era cheia de violência e
ofensas. Pelo que vi, o enredo rola em torno de um casal, cujo marido, Tufão,
um ex-jogador de futebol há muito era traído por Carminha, sua esposa, católica
caridosa e que tem um esquema de desvio de dinheiro com um padre picareta, o
qual aparece na trama de camisa preta com colarinho clerical.
Carminha levou o
amante para morar dentro de casa, tendo um casal de filhos com ele, e ainda
tendo o marido que sustentá-lo, pois o mesmo é marido de sua irmã. Com perdão
da expressão a "cornaiada" é tanta que se um dia na casa do rico
Tufão, chover argolas, não cairá uma sequer no chão. Se ele não tivesse
abandonado o futebol a cada cabeceada na bola ou ela furava ou ficava presa na
cabeça dele.
No dia que assisti,
o ex-jogador tinha descoberto a traição e foi confrontar a esposa infiel.
Refletindo sobre a cena que vi, pensei em quantos milhares de maridos outrora
traídos ao assistirem a novela ficavam odiando em se identificar com Tufão, o
marido traido dentro de sua própria casa. (não vou escrever corno para não
escandalizar, embora o dicionário online de português entre outros significados
da palavra "Corno" também traz: Pop. Marido cuja mulher lhe é infiel.
(V. CORNUDO.) - Pôr cornos, ser infiel (ao cônjuge); cornear.)
Mas no dia que
Carminha foi desmascarada muitos desses milhares de traídos/as anônimos/as se
deliciaram e se viram nele. A revanche de Tufão, o vingador, que esbofeteava a
cara de sua inescrupulosa esposa e a chamava de nomes aos quais não vou
descrever aqu foi a realização do desejo contido de vingança de muitos/as
traídos/as. Penso que, naquela hora, muitos homens e mulheres, às vezes até
crentes, também se deliciavam e diziam em seus interiores: isso! Bate mesmo...
Bate... Mulher adúltera tem mesmo é que apanhar na cara!..
Bom... Depois eu
volto a esse assunto da novela, quero agora falar de: Uma história real de
pecado, graça, amor, perdão e restauração.
Tive um jovem casal
de amigos com quem possuía grande comunhão. Em dois mil e sete meu amigo perdeu
a esposa, a qual morrera de câncer. Um ano depois, contrariando a lei da igreja
dele, ele casou com uma mulher não convertida. Ela era simpatizante, mas não se
batizou, alegando que não se sentia preparada.
Em 2010 fui
visitá-los e durante um bate-papo, tomando tereré com o casal, estranhei quando
ele pediu a ela para nos deixar a sós, pois precisava falar comigo. Ela saiu
com o bebê no colo e disse que ia preparar um cafezinho, depois ia a padaria
comprar pães. Continuamos no tereré, depois de um tempo, cabisbaixo ele falou
tristemente, que não mais estava indo na igreja que frequentou por mais de 15
anos e na qual fora presbítero desde antes de ficar viúvo. Perguntei o motivo,
ele disse que fora traído pela atual esposa, ela o fez por três vezes, e nas
três ele a perdoou. Quando ocorrera pela terceira vez o pastor o chamou e disse
que haveria uma reunião do presbitério, e que o assunto era sobre a vida dele.
Na reunião, no ato de destituição dele do presbitério, o pastor disse a ele:
"varão, você tem é que tomar atitude de homem, pois: perdoar uma vez é por
amor, duas é por atitude cristã, mas três vezes já é incentivo a safadeza."
Segundo ele o
pastor ainda lhe disse que ele deveria abandonar a mulher, pois ela tinha dado
base para a separação ao ser infiel a ele. E que poderia buscar esposa entre as
fieis da igreja local. Ele respondeu que havia perdoado ela, que a amava, e que
também pensava no filho pequeno, por isso não iria abandoná-la. Na presença dos
outros presbíteros, o pastor respondeu que ele não tinha que se preocupar com a
criança, pois o filho provavelmente nem seria dele, uma vez que vivera quase
dez anos com a primeira esposa e nunca tinham gerado filhos. Meu amigo disse
que saiu do recinto de cabeça baixa e a medida que seguia pelo corredor ouvia
risos...
Ali no quintal,
assentados sob uma mangueira, o silêncio tomou conta de nós dois. Ambos ficamos
olhando para o chão. Até que ele levantou a cabeça e com lágrimas a rolar pela
face quebrou o silêncio e perguntou-me: Zé meu irmão, o que você acha?
Eu respondi a ele:
- irmão a decisão é só sua, você é quem deve decidir, a igreja caberia o
respeitar sua decisão. Deveria respeitá-lo se decidisse se separar, bem como na
decisão que tomou de ficar com ela. Uma vez que você a perdoou restaria à
igreja respeitá-lo e tentar ajudá-los na superação dos problemas...
Perguntei-lhe sobre
a criança, ele disse que sabia não ser dele, pois no relacionamento anterior
sempre soube que o estéril era ele, mas nunca falara nada na igreja, salvo ao
pastor em um aconselhamento pastoral. Foi assim que descobriu a infidelidade da
esposa, mas como sempre desejou ter um filho ele a perdoou e assumiu a criança,
amando-a como se fosse filho legítimo. A tripla traição fora com um
ex-namorado, quando confrontada, sua esposa disse que estava arrependida de
verdade, e lhe implorou perdão. Ele a princípio saiu de casa, mas depois de uma
luta muito grande com seu orgulho e raiva, os quais foram vencidos pelo amor e
misericórdia decidiu perdoar a esposa e voltou para casa. Esperava que a igreja
fosse entender... Mas...
Para superar o
problema foram embora da cidade, procuraram outra Igreja. Seis meses atrás,
conversando com meu amigo por telefone, soube que a família estava bem e
felizes. Sua mulher se convertera e se batizou, segundo ele fora até batizada
com o Espírito Santo. Ele estava bem, auxiliava o pastor e também pensava em
ser pastor. Como dizem lá no ministério pentecostal deles, "estava a
prova" para dois anos depois ser levantado pastor.
Quando ele contou
sobre o desejo de ser pastor, pensei comigo, certamente será um grande pastor a
frente de um ministério abundante no exercício de misericórdia, amar sem
limites. Veio-me a mente as palavras bíblicas: “Porque o juízo será sem
misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do
juízo.” Tiago 2:13. É pena que na Igreja nem sempre se viva isso, ainda que se
pregue sobre isso.
Penso que a Igreja
deveria imitar a graça, a Bíblia, uma vez que, no tocante ao mundo, sempre
dizem que a vida imita a arte e novelas são artes imitando a vida. Pelos
enredos das novelas globais, eu acho que ocorre o imitar da péssima arte, a
arte da desgraça, e por isso elas estão imprimindo na mente de seus
consumidores um péssimo estilo de vida.
Em relação à
igreja, no caso de crentes que gostam de vingança, deixo os seguintes
versículos: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de
Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.
Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de
beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não
te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rm. 12. 19 a 21. E ainda:
Se o teu irmão te ofender, repreende-o; e, se ele se e, se ele se arrepender,
perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes ao dia[1] e sete vezes te vier dizer:
“Arrependo-me”, perdoa-lhe.(Lc 17,4).
Será que o ato de
uma adúltera arrependida como a esposa de meu amigo, irmão e futuro pastor, não
se enquadra nos versículos acima? Embora não seja membro da Rede, meu amigo
acessa este blog, eu escrevo após ter recebido autorização dele e ter me
comprometido em não citar seu nome, nem da esposa, filho, Igreja e pastor. Quis
escrever pois, o caso dele foi um caso em que a vida matrimonial destruída pelo
pecado foi tocada e infiltrada pela graça, razão pela qual o perdão e
restauração ocorreram. Vemos nos jornais, revistas, programas policiais, casos
e mais casos em que o traido mata o traidor, como a história de meu amigo fugiu
a regra, quis contar a boa nova cheia de: graça, amor, perdão e restauração.
No caso de Avenida
Brasil, bem que a arte poderia imitar a vida decaída, mas também apontar para a
nova vida, a qual é possível em Cristo Jesus. Bem que, a Rede Globo, a qual
anda flertando com os evangélicos poderia mostrar no final, uma cena que com
certeza muitos homens e mulheres viveram no passado.
A megera da
Carminha assentada em um banco de uma igreja e quando o pastor faz o apelo após
pregar João 8. 1 a 11, ela tocada pela graça que existe para quem caiu em
desgraça, se levanta, vai a frente, em lágrimas se converte sinceramente, pois
fora tocada exatamente quando ouviu o versículo 11, no qual, Jesus disse a uma
mulher acusada de adultério: VAI E NÃO PEQUES MAIS. Isso mostraria que, as
margens da Avenida Brasil na qual superabunda a desgraça das mazelas
consequentes do pecado humano, há portas simples, com porteiros/as
pregadores/as, bispos e bispa, pastoras e pastores, irmãos e irmãs, apontando a
Graça do Caminho para quem deseja por ele trilhar e recomeçar independente do
que tenha vivido. Peço ao senhor que sobre cada uma dessas portas, os que se
perderam nas avenidas do pecado, tanto o traido como o traidor passando em
frente possa ver uma cruz e uma chama e ler em letras garrafais: IGREJA
METODISTA - LUGAR DE MISERICÓRDIA E RESTAURAÇÃO.
Rev. José do Carmo
da Silva - Mano Zé do Egito
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