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domingo, 19 de maio de 2013

Inversão de Valores








Inversão de Valores

                                                                                                 
                                                                                                          Por: Fernando Marin

   Mais uma vez, a visão de uma imagem me trouxe à mente um turbilhão de pensamentos, me pus a refletir sobre uma realidade que nos rodeia e que nos incomoda.

   A imagem é a reproduzida acima, copiada de uma rede social. Ali, ela mostra as obras que foram realizadas no Sambódromo, no Rio de Janeiro, o que veio a aumentar a sua capacidade de público em 12.500 lugares, criando a possibilidade de mais pessoas poderem assistir aos desfiles do carnaval carioca, famoso em todo o mundo. Mesmo que ele só aconteça uma vez por ano.

   Na contrapartida, a mesma imagem nos transporta a um corredor de hospital , repleto de pacientes deitados em macas, uma realidade que estamos acostumados a ver quase todos os dias nos noticiários, algo que parece sem solução e que já nem emociona mais a ninguém.

   Meu Deus, me pergunto: não está tudo errado?

   Venho acompanhando o desenrolar dos preparativos para a Copa do Mundo, e das Olimpíadas, que se realizarão aqui em 2014 e 2016, bilhões e bilhões de reais investidos em estádios, avenidas, metrôs, aeroportos, tudo visando o conforto dos turistas que por aqui passarão (por um mês, apenas) nesses eventos. Só no Maracanã, os gastos chegam à cifra de mais de 1 bilhão de reais , o que ultrapassou em muito o orçamento original. Muitas dessas obras, depois dos jogos, ficarão praticamente sem utilização, ou seja, o dinheiro investido trará um retorno muito pequeno, um custo x benefício desfavorável.

   Os eventos como a Copa e as Olimpíadas que acontecerão por aqui estão sendo colocados pela mídia como se fossem os salvadores do país, embora tenham a duração de apenas 30 dias, findos os quais a vida volta ao normal e os problemas continuarão os mesmos que nos incomodam e prejudicam hoje. A diferença é que, depois desses eventos, uns poucos privilegiados estarão com as suas contas bancárias bastante engordadas, o que, com certeza, não seria o meu caso nem o caso da grande maioria do povo brasileiro.

   Quero deixar claro, que não sou contra os desfiles de escolas de samba, nem a Copa do Mundo e, muito menos, as Olimpíadas. Sou contra esse estado de coisas que causam uma inversão de valores. Afinal, o que vale mais do que uma vida? Um estádio? Uma avenida?

   Afinal, o que é prioridade para o povo brasileiro ?

   Será que a prioridade dos políticos combina com a do povo?

   Como explicar a alguém que está ‘acampado’ em um corredor de hospital que os recursos que poderiam salvar a sua vida estão sendo investidos em um estádio, por exemplo, que vai sediar uns poucos jogos da Copa?

   Claro , sabemos que os problemas da saúde pública não são limitados à falta de verbas, mas, também, à sua má administração, problema crônico e sem perspectiva de solução no momento. Mas, será que o governo vem dando a atenção devida a ela?

   Claro que a teologia não tem nada a ver com isso, ou tem?

   Se considerarmos a definição de teologia por parte de Karl Barth, que a definiu como “ um falar a partir de Deus”, sim, a teologia deve, sim, se posicionar na questão, já que ela envolve a saúde e a vida das pessoas, pessoas que são a maior e mais perfeita criação divina.

   Quando deixamos de lado a criação de Deus – e tudo é a criação de Deus – estamos cometendo um grave erro. Afinal, toda a criação vem gemendo (Romanos 8.22) há tempos, por estar sendo maltratada pelos seres humanos, para os quais todas as coisas foram feitas.

   Relegar a vida humana a um segundo plano, priorizar obras de pouca utilidade em detrimento da saúde, da educação, da assistência social, vai de encontro a tudo aquilo que Deus planejou para a humanidade.

   Vivemos uma época, prevista pelas escrituras, onde o amor de muitos esfriou, onde o dinheiro está acima de qualquer outra coisa, tempos de moral e ética ‘varridos’ para baixo do tapete da corrupção , tempos onde cada um quer suplantar o outro, não só em poder econômico e social, mas também de glória pessoal.

  Vivemos um sistema político ultrapassado e incoerente com a chamada ‘democracia’, já que o verdadeiro detentor do poder , teoricamente  o povo, não tem acesso sequer aos seus direitos essenciais. 

   Nós, pelo menos os que se dizem cristãos, temos grande responsabilidade nesse processo, já que é nossa a obrigação de sermos discípulos e de fazermos a vontade daquele que é o nosso Mestre, Jesus. Quando deixamos de cumprir com isso, colocamos em risco a vida das pessoas, de várias maneiras.

   É nosso dever lutar para que o Evangelho seja, não apenas pregado, mas, aplicado em todas as áreas da vida humana. Afinal, a Bíblia nos diz em Tiago 4.17 que    "Portanto, comete pecado a pessoa que sabe fazer o bem e não faz.”

   Com certeza, todo cristão sabe fazer o bem.

   Como cristão, não gosto de cometer pecado.
 
Fernando Marin

Atualizado e republicado.

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