A igreja esqueceu
Sim, tantas coisas acontecendo, tanto para ser dito ou escrito e essa falta de tempo não me permite. Mas, Deus é mesmo bom, e dá a inspiração necessária a mais alguém, para que se diga o que tem que ser dito.
E Deus me colocou em contato com o Pr Barbosa Neto, lá de Fortaleza, através de um grupo de discussão. E, lendo seus escritos, encontrei mais esse, que traduz bem a situação que se coloca hoje, do Evangelho fácil, da igreja-empresa, do pastor administrador e empreendedor.
Mas, será que foi isso que Jesus ensinou?
No artigo abaixo o Pr Barbosa fala - e muito bem - sobre a questão, e nos alerta sobre o que temos visto e feito nos dias atuais.
Leia e reflita.
Pr Fernando Marin
DEGENERAÇÃO DO MINISTÉRIO – VERDADE QUE PRECISA SER DITA – 1
Pr Barbosa Neto
Muitas coisas têm sido ensinadas sobre a Igreja de Jesus nos
últimos anos, mas estou mais que convencido que um grande erro tem sido
ensinado sobre a Noiva de Cristo. Quando paramos para estudar a Palavra de Deus
no seu original, vemos que o termo usado para definir a Igreja é a palavra
ekklesia, que, literalmente, significa: chamados para fora, reunião popular,
especialmente uma congregação religiosa (sinagoga judaica, comunidade cristã de
membros na terra ou no céu, ou em
ambos), de acordo com o Dicionário Strong.
Igreja não é uma empresa.
Igreja não é um modismo, igreja, na raiz da palavra, é um ajuntamento
popular religioso. O nome igreja, como é usado entre nós, significa
simplesmente uma assembleia, um ajuntamento. Porém, minha intenção aqui é entrar
profundamente na nossa condição moral, teológica e congregacional. Tenho uma
grande preocupação em minha vida em relação à Igreja, e esta preocupação é: de
acordo com o que temos visto hoje em dia, o que será da Igreja de Jesus daqui a
dez anos?
Willian Booth, fundador do Exército da Salvação, um grupo
que fez muito por missões na história da Igreja, também disse temer que, em cem anos, a igreja viesse a
experimentar um Cristianismo sem Cristo e um Evangelho sem cruz. Uma das coisas
que mais tenho observado no “evangelho” pregado por muitos pregoeiros por aí
afora, alguns até mesmo famosos, um “evangelho” onde falta Cruz e o
desaparecimento de Cristo nas mensagens. Pelo menos daquele Cristo das Sagradas
Escrituras.
Tenho observado que alguns pregadores não apontam mais o
pecado e estes pastores estão se tornando homens de negócios eclesiásticos. Os
cultos tem se tornado mais encontros de entretenimento. Ministérios que estão
se tornando marca patenteadas, gerando recursos sem fim que são gastos em vaidades
pessoais, e não, em missões ou na obra de Deus como um todo.
O ministério da Igreja do Senhor, que é o de ser
representante de Deus aqui, propagando o glorioso Evangelho, tem sido vendido
por pequenos pratos de lentilha, à medida que, diariamente, buscamos agradar
aos homens, sem nos importar com o que Deus espera de cada um de nós. Creio que
um dos grandes problemas em relação ao que estamos vivendo hoje, como igreja, é
o fato de a grande e esmagadora maioria dos pregadores não fazerem a menor ideia
de quem foram os homens e mulheres que Deus usou no passado para que hoje
estivéssemos aqui. A ignorância em relação à História da Igreja e da nossa
história propriamente dita, em particular, tem nos levado ao abismo do esquecimento, no qual despejamos
no ralo os nomes dos heróis de Deus dos séculos passados.
Nada do que estamos pisando, ou melhor, as plataformas sobre
as quais estamos pisando têm sido criadas
por nossas boas ideias ou por novas doutrinas. A falta de conhecimento
dessa verdade tem levado homens a tomarem para si a glória de uma casa que não
foi feita por eles. Hoje, muitas pessoas têm tomado para si algumas glórias e
honras que, se parássemos mesmo para observar, não teríamos coragem de assumir
como suas.
Os assim-chamados pais da Igreja não andaram por aí buscando
seu reconhecimento, mas andaram, fazendo a vontade de Deus e lutando por Ele.
As raízes, como por exemplo, dos metodistas, que são filhos de Wesley, os
presbiterianos, filhos de Knox, nós, os batistas e tantas outras igrejas
históricas devem ser novamente medidas para que possam tomar o seu devido lugar
na árvore que foi plantada. Se nós olharmos para o passado, iremos ver que não
nos parecemos em quase nada com os pais que tivemos... Os pais das nossas
igrejas neotestamentárias eram homem vigorosos contra o pecado e contra o
mundo, mas, estamos tentando acabar com o que eles fizerem e nos legaram...
Estamos hoje, pasmem, simpatizantes com o ecumenismo, achando-o simpático...
Nossas raízes, nossos pais do passado, bem como a História
da Igreja está recheada de grandes exemplos que ficaram confinados ou estão
apenas em livros que estão empoeirados nas prateleiras de nossas bibliotecas
domésticas ou livrarias... Enquanto isso, livros sobre aceitação pessoal, de
autoajuda de cura interior estão se tornando leitura de cabeceira de pregadores
famosos que estão ensinando as pessoas a olharem para seu umbigo e se
esquecerem da Cruz, da renúncia, da confissões de pecados, do arrependimento,
do amor a Deus!...
Podemos ir um pouco mais longe em nossas raízes, se
voltarmos a 2000 anos e olhar como os primeiros cristãos viveram e isso sem
contar com o próprio exemplo do Senhor Jesus!... Poderíamos ver como os
discípulos de Jesus transformaram o mundo. Ver como, em meio a perseguições e
dificuldades tremendas, eles não negaram sua fé no Senhor Jesus por nada desta
vida!... Poderíamos ver como a história foi mudada por um pequeno grupo de
pessoas que não tinha nada demais, a não ser a fé genuína – que vem faltando
hoje em nosso arraiais. Ver como aqueles
homens tão complicados e de temperamentos diversos puderam fazer coisa
notáveis. É de nos fazer vergonha hoje quando olhamos e nos relembramos,
historicamente, sobre aquilo que eles fizeram em tão curto tempo, mesmo diante
de tantas e imensas dificuldades e perseguições. Pagaram com a própria vida um
alto preço para que nós hoje aqui estivéssemos vivos!...
E pasmem: nossos primeiros pais cristãos, os apóstolos, não
foram pessoais sensacionais, mas foram homens corajosos. Vajam, por exemplo,
Pedro, sanguíneo por natureza, sempre falando antes de pensar. Pedro repreendeu
Jesus, porque disse que iria morrer (Mateus 16.23). Em outra ocasião, Jesus
estava para lavar os pés dos discípulos e Pedro não permitiu. Jesus o
repreendeu mais uma vez (João 13.8). Em outra ocasião, Tiago e João foram com
sua mãe pedir a Jesus lugares especiais no Céu (Mateus 20.20), e isso trouxe indignação aos outros
discípulos (v. 24). Simão era zelote e os zelotes lutavam pela independência
política dos judeus, e acreditavam no uso da força (Lucas 6.15. Mateus era
cobrador de impostos, considerado traidor da nação e reprovável (Mateus 10. 2,
18.17). E assim seguem os exemplos. Estes eram os homens que Jesus dispunha.
Contudo, mesmo esses homens com todos os seus problemas,
dificuldades e limitações humanas, contribuíram e muito para que pudéssemos
estar aqui hoje, sem levantar a nossa própria bandeira. Quando lemos um pouco
mais acima que Mateus era publicano, vemos que ele próprio usou este termo em
referência a si mesmo. Vemos também que nenhum dos outros três evangelistas
usaram o nome de publicano para descrever Mateus, mas ele sabia sua posição.
Não estava escrevendo seu nome na escadaria dos regenerados, porém estava ele
próprio apontando para o pecador chamado Mateus. Nossos pais não lutaram por si, lutaram pelo
Senhor; não buscaram a sua glória, mas buscaram a glória que seria dada ao
Senhor! Nós, que estamos falando tanto nesses últimos anos a respeito da unção
de Elias, precisamos, sim, ser atingidos por ela. Malaquias disse que a unção
de Elias iria: “... converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos
pais...” (4.6). Precisamos, portanto, converter nossos corações aos nossos
pais, que andaram com o Senhor, para que possamos aprender com eles como conduzir
a Igreja de Jesus, Sua tão amada Noiva!
Uma situação bem pertinente, ao citar exemplos, é o fato de
os Puritanos terem questionado a Igreja estatal inglesa por causa dos costumes.
Eles estavam questionando por que não se estava colocando as verdades antes das
tradições e das autoridades. Questionavam, principalmente, sobre as vestes
clericais: “... se não são importantes, por que vocês as impõem
obrigatoriamente?...”. Creio que seja
bem pertinente para nós esta situação porque, em nossos dias, é exatamente o
que temos visto: costumes antes da verdade e tradições mais importantes que a
espiritualidade. Um Puritano verdadeiro não se conformava com o fato de a
igreja estar apenas parcialmente reformada, carregando ainda consigo resquícios
católico-romano.
Meus amados, precisamos hoje, urgentemente, dar uma parada e
analisarmos o que tem sido dito de nossos pais. Pastores, acordem para a
verdade de que, não estamos fazendo nada demais, mas estamos continuando a
levantar uma parede que está colocada, e, em muitos lugares, abandonada... Não
estamos aqui para lançar novos alicerces, o alicerce está posto (Isaías 28.16;
I Coríntios 3.11), porém precisamos atentar para a exortação de Paulo, no que
ele nos diz: “... mas veja cada um como edifica sobre ele....”, sobre o
alicerce (I Coríntios 3.10. Para sabermos sobre o que estamos construindo,
precisamos analisar os livros da nossa História e vermos se estamos no caminho
certo ou se precisamos parar para aprendermos COMO fazer. Jesus é o alicerce
sobre o qual a Igreja está sendo construída. Os apóstolos começaram a construir
sobre este alicerce, e muitos homens de Deus continuaram, colocando mais
tijolos para erguer as paredes.
A obra esteve caminhando em ritmo lentíssimo por algum
tempo, tijolos diferentes foram colocados, a parede foi estragada, mas um
reformador corajoso apareceu e começou a quebrar o que estava colocado errado.
Nós precisamos aprender com ele como trabalhar nesta parede. Muitos outros
reformadores apareceram e continuaram as obras, e nós, hoje, precisamos
continuá-la até que chegue a hora de colocar o telhado.
Disse Jeremias pelo Senhor: “...Maldito aquele que fizer a
obra do Senhor relaxadamente! Maldito aquele
que retém a sua espada do sangue” (48.10). Jeremias protesta aqui pelo
Senhor, dizendo que amaldiçoado é o homem que faz a obra com negligência, com
descuido e relaxadamente. Maldito o homem que vê o que está errado e se assenta
para curtir a vida e não soa o alarme, maldito
aquele que vê a Igreja sendo abusada e permanece com a sua trombeta
guardada e não toca o alarme chamando a atenção do povo e de seus ministros.
Tiago diz que aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete
pecado (4.17). E um dos maiores bens que podemos fazer para a igreja de Jesus é
gritar BASTA para que o está acontecendo. É protestar contra os fraudulentos e
degenerados, contra os amantes do ouro e da prata que estão ensinando o povo a
amar suas posses e bens financeiros e se afastarem do Senhor. O trigo que está
sendo plantado está sendo trocado por uma plantação de joio e não estamos nem
aí...
Em Juízes 6.27, vemos algo que é bem relacionado ao que
estamos falando. Gideão foi chamado por Deus, e a ordem de Deus era que ele
destruísse o altar a baal (Juízes 6.28). Gideão fez o que o Senhor lhe disse
para fazer, mas ele o fez de madrugada, por temer o povo. Eu digo que este texto
é relacionado à nossa situação atual pelo simples fato de que nem de madrugada,
escondidos dos homens, estamos derrubando os postes de baal, mas elogiando de
maneira comprometedora aos seus líderes e os achando bonzinhos! Estamos
tolerando baal e seus postes ídolos e não temos coragem de obedecer ao
Senhor!...Se olhássemos para o exemplo de Gideão estaríamos, pelos menos,
tentando fazer as coisas às escondidas. Contundo, nem assim estamos fazendo!...
Elias zombou dos profetas de baal, mas a nós tem sido
ensinado que devemos respeitá-los... A verdade é que não estamos fazendo
oposição, nem zombando deles tampouco. Bem, em algumas situações, é até bom
para o bem-estar de alguns pregadores não zombarem dos profetas de baal nem do
próprio baal, pois, suas vidas são testemunhas que depõem a favor de seus
inimigos... Os superstares não podem confrontar baal, pois estão corrompidos
até aos cabelos e estão corrompendo o povo juntamente com ele. Como podem
confrontar estando em terreno escorregadio, em lugares estranhos sem a mínima
condição de estarem lá? Como poderiam ir à guerra desarmados e desprotegidos?
Se essas pessoas começarem a abrir a boca e a falar contra baal, seria como
colocar um americano coma foto do presidente dos Estados Unidos Barack Hussein Obama
II estampada na camiseta que veste e uma bandeira iraquiana em suas mãos
ardendo em chamas na cidade de Bagdá. Esse coitado não duraria trinta segundos
vivo!...
Tenho visto não poucos pastores fazendo a seguinte
afirmativa: “... um pastor precisa ter uma visão empresarial hoje em dia, se
quiser ser bem sucedido no ministério...”. De tudo o que tenho ouvido, está é
uma das mais nocivas perspectivas que se tem propagado por aí em relação à
igreja. Quando nós, pastores, começamos a olhar a igreja, a congregação local
da qual cuidamos, meramente como uma instituição, ferimos sua principal
característica: a que nos diz que ela é a Noiva, que está sendo preparada para
um Noivo muito especial. Ai daqueles que estão pervertendo a Igreja,
transformando-a em um negócio lucrativo em benefício próprio.
Você, caro colega, que está lendo estas longas linhas, já se
aborrecendo com eles, já com soneira porque não tem habito ler, e você que um
dia pretende ser pastor, atente bem para isto: o chamado vocacional não é para
administrar um negócio, uma empresa religiosa lucrativa, mas para cuidar de
vidas! A igreja, caros colegas, não é estrutura armada à nossa volta. As nossas
igrejas locais são formadas de pessoas que, em muitas vezes, precisam ser
ajudadas, instruídas, aconselhadas e amadas. Ela é formada de gente, de carne e
ossos, não de coisas e utensílios mobiliários climatizados. Precisamos, sim, de
alguma estrutura para servir aos irmãos e irmãs, precisamos de organização
local, mas não é a prioridade vivermos por isso! A prioridade são as
pessoas!
Talvez seja questionado se a programação não vai abençoar o
povo. Eu digo, sem medo de errar, que, em sua grande e esmagadora maioria, os
programas servem simplesmente como um analgésico para tirar a dor, enquanto a ferida
permanece profundamente instalada nas pessoas. Canta-se tanto, mas tanto em
nossos cultos, a programação é tão exaustiva, que sobra pouco tempo para a
ministração da Palavra, e o pregador, coitado, que preparou uma mensagem
palavra alimentar e saciar as pessoas, tem que correr às pressas, ou tem que às
vezes ‘cortar’ a mensagem, porque a liturgia do culto tem que terminar
rigorosamente no horário, senão algumas pessoa podem reclamar!...
As pessoas podem rir, chorar, emocionar-se com o espetáculo
religioso, mas, quando voltam para casa, serão as mesmas de sempre. Não houve
aplicação correta da Palavra por falta de tempo... Isso porque, ao invés de
cuidarmos da ferida, estamos tentando camuflá-la. Se cuidássemos mais em buscar
as pessoas que precisam de ajuda, se nos voltássemos para a ação de curar a
igreja e de curar o povo das mazelas da alma, ensinando profundamente o
Evangelho, apontando o caminho da salvação e tirando-as do caminho do pecado,
não precisaríamos de boas programações festivas demais para entreter o povo,
para tentar fazê-lo feliz... As pessoas seriam mais felizes por conhecer a
Verdade, mas a Verdade está sendo trocada por um monte de programações
analgéticas. Pensemos nisso, séria e urgentemente.
Paulo nos diz em Gálatas 6.2: “...levai as cargas uns dos
outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo...”. Caros colegas, Jesus nunca
ficou acomodado, e nós também não podemos ficar. Se Ele é o nosso Senhor, se
afirmamos que somos d’Ele, como podemos ser diferentes? Pessoas estão se acabando
em nosso meio, e estamos sentados em nossos gabinetes climatizados, com
secretária filtrando a entrar das pessoas em nosso gabinete, enquanto lá fora a
vida das pessoas estão se esgotando, enquanto curtimos nosso sossego,
preparando nossos cultos da bênção sem o Abençoador! O problema é que estamos
tão empresariais como igreja, que o amor está sendo trocado pela pura e simples
camaradagem fraternal, mas sem compromisso pessoal!...
Se uma pessoa está faltando aos cultos ou se uma pessoa sai
da igreja local, a obrigado do pastor é buscá-la, cuidar dela, não abandoná-la.
O Senhor Jesus disse: “Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e
perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da
que se perdeu, até encontrá-la?” (Lucas 15.4).
Você, caro colega, é um vocacionado, um chamado por Deus ou
um oferecido para realizar a obra pensando ser vocacionado? Pense nisso e
responda esta pergunta com muita sinceridade diante de Deus! Tenhamos em nossa
mente: não somos profissionais da fé, mesmo que vivamos disto, porque está
escrito: “porque digno é o trabalhador do seu salário” (Lucas 10.7; I Timóteo
5.18). Saiba viver na mais total dependência do Senhor, pois aos chamados
verdadeiramente Ele supre todas as suas necessidades, através dos Seus filhos e
filhas, que tem amor e dedicação e desprendimento no segurar as cordas daqueles
que estão consumindo a sua vida na obra do Senhor. Você precisa apenas ser
honesto. No máximo compartilhe as suas necessidades, sabendo que o Senhor trabalhará
nos corações generosos e benevolentes, porque “aquele que dá semente ao que
semeia e pão para alimento também aumentará a vossa sementeira e multiplicará
os frutos da vossa justiça... porque o serviço desta assistência não só supre a
necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus” (II
Coríntios 9.10, 12).
Quando fazemos o que temos que fazer, não precisamos ser
reconhecidos ou recompensados. Jesus nos disse o seguinte: “...Assim também
vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos
inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lucas 17.10). Muitos
passam os dias em seus gabinetes luxuosos e climatizados, administrando
agendas, fazendo contas e imaginando o que fazer para a igreja crescer numericamente,
o que é um trabalho secundário. Deixam de fazer o que é produtivo, que é
visitar os enfermos, acudir os necessitados, confirmar os fracos, pregar nos
lares, exortar, ir atrás da ovelha perdida e desgarrada e gastar tempo
significativo lendo e estudando a Palavra com profundidade e orando com os
irmãos. Há pastores que só leem a Bíblia na hora de irem para a igreja pregar
sabe-se o quê...
Pastores não são administradores eclesiásticos: são
guardadores da Noiva e não seus mentores. A crescente degeneração do
ministério, e neste caso, do ministério pastoral, vem da falta de observarmos
uma coisa bem simples, chamada pelo apóstolo Paulo de “...simplicidade e pureza
que há em Cristo...” (II Coríntios 11.3).
Volto a repetir para que você não se esqueça disso jamais,
amado colega: pastores não precisam de visão empresarial nem de um espírito
empreendedor para tomar conta de sua igreja local! Pense nisso, seriamente! Ele
precisa de amor, de zelo pelo próximo, e não interesse nos bens do próximo (como
é triste ter que citar isso!). Ele precisa de integridade moral, de sabedoria,
de zelo, de fervor... Um pastor, comprovadamente vocacionado, não precisa fazer um curso de gestão de
igrejas; ele precisa de um bom curso de teologia, mas que não se deixe contaminar
somente pelo academicismo sem aquele mergulho nas Sagradas Escrituras, e é isso
que está faltando hoje em dia por aí afora... Nossos cursos de bacharel em
teologia existentes por aí afora não estão preparando e preparando muito bem
aos nossos futuros obreiros, mas apenas formando teólogos de gabinetes... Quem
estar cursando teologia e se sente vocacionada e chamado para trabalhar no
sertão do Nordeste, quem? Aquilo que hoje se aprende em nossos seminários,
lamentavelmente, poucas são as coisas que seus alunos aplicam no dia a dia da
igreja local que pensa servir... Em alguns locais tido como acadêmicos, os
alunos não são instruídos sobre como agir em aconselhamento, como, por exemplo,
ajudar numa briga conjugal e vai por aí afora... Em muitos locais acadêmicos
pouco ou quase nada existe elevado nível de espiritualidade, momento
devocional, momentos à sós com Deus, momentos para orar, para ser ensinado ao
futuro pastor como orar e saber ouvir a voz do Senhor!... Hoje a correria é
demais...
Temo que em alguns anos estejamos vendo no Brasil o que já
acontece hoje nos EE.UU e em boa parte da Europa: cursos profissionalizantes
para ministros do evangelho, nos quais é outorgada pela lei uma carteirinha.
Com ela, é permitido ao indivíduo atuar como agente religioso para efetuar
casamentos, ritos religiosos, batismos e aconselhamentos gerais... São os
profissionais do púlpito com vasto currículo acadêmico, mas seus candidatos sem
nenhuma comunhão com Deus!...
Provavelmente muitos dos nossos colegas não gostaram nem um
pouco do que acima lhes foi dito. Pouco me importa!... Deus mandou falar sobre
isso e eu apenas Lhe obedeci. E ponto. Reclame para Ele. Quero finalmente lhes
dizer que Deus nos chama por meio de uma vocação, oferece-nos gratuitamente o
grande privilégio de cuidarmos de Sua Igreja. Não podemos aproveitar a situação
para nos darmos bem... Muito cuidado, pois com Deus não se brinca!... Você não
pode ser um empresário eclesiástico, mas Ele exige que você seja apenas um
pastor! Que cuide das ovelhas, que tenha cheiro de ovelha, que ame o povo, que
pregue a Palavra, que ensine o Evangelho, que é a “palavra da verdade do
evangelho” (Colossenses 1.4), e que tire as pessoas do caminho da perdição
religiosa!
Só isso. nada mais que isso!...
Pr Barbosa Neto