A Páscoa
Por: Fernando Marin
Visitando o supermercado, deparei-me com aquela cena já tradicional
nessa época do ano, os ovos de chocolate pendurados, vendidos a preços altos e
já procurados por muitas pessoas, afinal é quase páscoa.
Claro que as pessoas, principalmente as crianças gostam
desse tempo ,quem não aprecia chocolate?
Mas, será que todos conhecem o real sentido da páscoa, suas
origens , o que é celebrado, como nasceu essa tradição de presentear com ovos
de chocolate?
Dentro da minha pesquisa pessoal encontrei pouquíssimas pessoas
que souberam responder a essas questões. Por isso me senti motivado a escrever
esse artigo contando um pouco acerca das origens e tradições pascais.
Com certeza, a páscoa é uma das datas comemorativas mais
importantes das culturas ocidentais. Se
recorrermos à História, encontraremos uma festa de passagem, que era comemorada
por povos europeus, principalmente da região mediterrânea, há milhares de anos
atrás. O motivo dessa festa seria a passagem, a mudança da estação do inverno
para a primavera, o que era motivo de celebração devido ao frio rigoroso que dificultava a obtenção de alimentos e a
sobrevivência.
Mas, é entre o povo judeu que encontramos seu significado
mais importante, a páscoa (pessach – passagem) significa a saída do povo
hebreu, que se encontrava escravizado no Egito lá pelo ano de 1445 a.C.
Portanto, é uma festa religiosa para que
o povo de Israel não se esqueça de que
foram libertados pela mão poderosa de Deus para O servirem, conforme o relato
bíblico no livro do Êxodo, capítulo 12.
E a páscoa é muito importante para os cristãos, pois celebra
o sacrifício de Jesus, que morreu crucificado e ressuscitou durante as
celebrações da páscoa judaica. Aliás, a Bíblia considera Jesus Cristo como o
próprio cordeiro pascal ( 1Coríntios 5.8), que tira o pecado do mundo (João
1.29)e cujo sangue nos liberta, nos resgata da escravidão do pecado e nos sela
como seus filhos de direito.
Porém, Páscoa e Pessach são eventos diferentes e que não
devem ser confundidos.
O nome foi adotado pela igreja, tendo em vista que os primeiros
cristãos eram descendentes de judeus, como o próprio Jesus. Assim, a igreja
romana o tornaria oficial no Concílio de Nicéia ( ano 325), associando a ‘passagem’
à ressurreição de Cristo ( da morte para a vida), que aconteceu em um domingo,
hoje chamado de Páscoa.
Mas, qual é a história da páscoa?
Ano de 1445ª.C, dia 14 do mês de abibe (março/abril) , essa foi uma noite de
alegria para uns e de desespero para outros, a noite em que o anjo de Deus visitaria
o Egito e mataria todos os filhos mais velhos, desde os dos animais até o filho
do próprio faraó.
Êxodo 12 – 12,13
"Nessa noite eu passarei pela terra do Egito e matarei todos
os primeiros filhos, tanto das pessoas como dos animais. E castigarei todos os
deuses do Egito. Eu sou o SENHOR. O sangue nos batentes das portas será um
sinal para marcar as casas onde vocês moram. Quando estiver castigando o Egito,
eu verei o sangue e então passarei por vocês sem parar, para que não sejam
destruídos por essa praga."
Depois de 400 anos de escravidão, Deus chamou Moisés para
que ele guiasse a saída dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó do Egito.
Como Faraó não permitia a saída do povo, Deus estabeleceu 10 pragas sobre a
terra, a última delas de morte de todos os filhos mais velhos.
Para escaparem da praga, as famílias israelitas foram
instruídas a matarem um cordeiro e marcarem a frente de suas casas com o sangue
desse cordeiro. À noite, deveriam comer esse cordeiro assado com ervas amargas.
O anjo destruidor passou, e matou os filhos primogênitos em todas as casas que
não tinham a marca do sangue, livrando da tragédia as casas marcadas.
Daí o termo páscoa, ‘pessach’, passagem, o anjo passou por
aquelas casas protegidas pelo sangue do cordeiro, e a praga não as atingiu.
Naquela mesma noite, o povo de Israel deixou o Egito.
A partir desse dia, todos os anos, na mesma data, os
israelitas celebram a páscoa, matando um cordeiro e comendo a sua carne,
juntamente com o matzá (pão sem fermento), para que seja lembrada a pressa da
saída ( não houve tempo para esperar a fermentação do pão) e com ervas amargas,
relembrando os tempos difíceis que passaram no Egito, como escravos.
Assim, a páscoa judaica, e a cristã são diferentes em sua
essência, embora ambas abordem o mesmo
tema, a libertação: a primeira comemora a libertação do cativeiro egípcio sob a
liderança de Moisés, enquanto que a segunda enfoca a libertação do pecado em
Jesus Cristo, através da sua morte e ressurreição.
Em muitos países ainda é comum se presentearem ovos
pintados, na páscoa, enquanto que em outros os ovos verdadeiros tenham sido
substituídos pelos de chocolate, tradição essa que não se encontra na
Bíblia. Na verdade, esse costume tem origem em rituais pagãos. Na primavera,
lebres ( e não coelhos) e ovos pintados eram considerados como símbolos da
fertilidade e da renovação. Diz-se, ainda, que as sacerdotisas da deusa Eostre
eram capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre abatida,
talvez daí tenha se originado aquela musiquinha “coelhinho da páscoa, que
trazes pra mim?”.
A tradição de presentear com ovos comuns é muito antiga. Na
Ucrânia, por exemplo, centenas de anos
antes de Cristo já se trocavam ovos pintados com motivos da natureza , lá
chamados de ‘pêssanka”, em celebração à
chegada da primavera.
Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham o
costume de dar ovos uns aos outros, para comemorar a chegada da primavera. Para
que eles ficassem coloridos cozinhavam-nos com beterrabas, mas os ovos não eram
para serem comidos, eram apenas um presente que simbolizava o início da vida. A
tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média
entre os povos da Europa.
Um dia, os cristãos também adotaram esse costume,
presenteavam com ovos, de galinha, de gansa, pintados com motivos religiosos, como as
figuras de Jesus ou de Maria.
Já na Inglaterra, no século X, o rei Eduardo I ( 900 – 924)
costumava presentear a realeza e seus súditos na Páscoa com ovos banhados em ouro
ou decorados com pedras preciosas, hábito que não durou por muito tempo, claro.
Foi no século XVIII que confeiteiros franceses tiveram a
ideia de confeccionar ovos com o chocolate para serem presenteados na Páscoa,
chocolate esse que surgiu cerca de 1500 a.C no Golfo do México e que era
sagrado para os Maias e os Aztecas e que apareceu na Europa no século XVI,
vindo da América.
Assim, a tradição da troca de ovos, sejam de chocolate ou
não, é prática pagã, e não há motivos para que os cristãos a adotem.
Paulo escreveu aos Coríntios: “Cristo é a nossa páscoa!” ( 1
Coríntios 5.7).
Sua morte significou o nosso livramento, a nossa salvação.
Feliz Páscoa !!
Fernando Marin
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