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domingo, 21 de julho de 2013

Solidariedade






Solidariedade

Por: Fernando Marin


Como sempre digo, gosto de assistir aos noticiários da tv em busca de notícias que nos tragam esperança no futuro, e, recentemente, uma reportagem me chamou a atenção.

A matéria mostrava um grupo de médicos, dentistas e profissionais de saúde que se uniram em uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é o de levar atendimento médico e cirúrgico especializado a regiões isoladas que não tem acesso a ele , principalmente às populações indígenas.

Essa Organização sobrevive de donativos , de convênios com empresas e de parcerias, que viabilizam o trabalho e foi fundada em 2003, depois que um grupo de médicos teve a oportunidade de visitar uma aldeia yanomami e constatou a necessidade de um serviço que desse atendimento de saúde àquela tribo.

De lá para cá, foram realizadas 3569 cirurgias, em um centro cirúrgico móvel e bem equipado, além de dezenas de milhares de atendimentos médicos e dentários em diversas expedições na amazônia e no Haiti.

É cada vez maior o grupo de pessoas que se dedicam a ajudar o próximo, sejam artistas famosos, organizações não governamentais e outras que praticam a solidariedade como forma de fazer algo por quem necessita, em concordância com os princípios cristãos.

Solidariedade. Se procurarmos o significado dessa palavra, vamos encontrar, por exemplo, "boa ação efetuada com sentimento para o bem do outro" (dominador.net) , ou "Sentimento de compadecimento com as dificuldades e/ou sofrimentos de outras pessoas" (dicio.com.br).

Assim, podemos entender que solidariedade é um sentimento que leva os homens a se auxiliarem mutuamente. Portanto, quem é solidário é misericordioso, bom de coração e desprovido de qualquer orgulho e vaidade.

Quando recorremos à Bíblia, no livro de Lucas, no capítulo 10 , Jesus nos dá uma verdadeira aula sobre solidariedade, contando a parábola do Bom Samaritano, um homem que se compadeceu de um judeu que encontrou no seu caminho, espancado por assaltantes e mesmo sendo samaritano, portanto inimigo dos judeus, ajudou aquele homem da melhor maneira possível e sem pensar sequer em reconhecimento.

A lição que Jesus nos deixa é a de que a solidariedade é muito mais do que palavras, discurso, é antes de qualquer outra coisa um sentimento de incomodação, de indignação que gera atitudes de se por em prática ações que libertam, que curam, que ajudam àqueles que necessitam.

Nessa Parábola, Cristo enfatiza o que Ele coloca como o segundo maior mandamento que  expressou em Mateus 22. 37-39 ( “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.”). E quem são os outros? Qualquer pessoa, seja quem for, gente que necessite da nossa solidariedade , pessoas a quem devemos amar com todas as nossas forças, pois são a imagem de Deus.

Em outra passagem, no evangelho de Mateus capítulo 9, Jesus vinha de percorrer cidades e povoados e encontrou uma grande multidão, onde estavam muitos tipos de pessoas, ladrões, adúlteros, prostitutas, bêbados, enfim, todo tipo de gente, que os apóstolos diziam que incomodavam , que viviam espremendo o Mestre em busca de curas e de milagres, mas que Jesus viu e ficou com pena daquelas pessoas, porque eles estavam "aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor" (Mateus 9 .36 NTLH). Para Ele eram pessoas que necessitavam de cuidados, de atenção , de direção.

E aqui aplico um outro versículo, também bastante conhecido, na carta de Tiago, capítulo 2, v.17: " Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta."

Portanto, é assim que devemos demonstrar a nossa fé, por meio de ações ! No relacionamento com os outros, exercendo um amor não fingido, sem hipocrisia, no envolvimento com a obra de Deus, no sacrifício pessoal, na doação de recursos, usando os talentos e dons de que Deus nos supriu justamente para que os usássemos no Reino, dispondo do nosso tempo, ou seja, fazendo, agindo!!

Enquanto apenas olharmos as necessidades das pessoas e nada fizermos, não nos dispusermos a ajudar, não estaremos demonstrando fé.  Ações, trabalho, é isso que Deus espera de nós.

Não podemos nos esquecer que nós, igreja, somos a voz e as mãos de Deus aqui na terra, e que tudo o que Ele tem planejado fazer somos nós quem temos que operar. Portanto, sejamos: a voz de quem não tem voz, a justiça dos injustiçados, aqueles que servem, colaboram, os pacificadores, aqueles que se doam , verdadeiros discípulos de Jesus, amando e servindo aos outros como Ele o fez.

Que possamos ser igreja sensível ao sofrimento do próximo, seja ele quem for. Que sejamos igreja que não se alegra com a injustiça, mas com a verdade. Que sejamos uma igreja operosa, unida e feliz no serviço do reino de Deus.

Fernando Marin

Fonte:
http://www.expedicionariosdasaude.org.br/ , visualizada em 21 de julho de 2013.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Ensina a teu Filho, artigo de Frei Betto.






Gosto de escrever, muitas vezes me inspiro em fatos que vejo no cotidiano, na sociedade. Infelizmente, não tenho podido me dedicar mais à produção de textos, as atividades de trabalho me tem tomado tempo.

Mas, se não posso escrever, pelo menos procuro ler. E lendo me deparei com esse excelente artigo de Frei Betto, um teólogo adepto da Teologia da Libertação e ativista social e de movimentos pastorais, onde ele nos ensina que nem tudo está perdido.

Sim, o Brasil é um grande país, onde também há bons políticos e administradores, onde vive um povo trabalhador e criativo, honesto e que mesmo ganhando baixos salários é incapaz de roubar o que seja.

Uma mensagem de otimismo que devemos ensinar aos nossos filhos para que eles busquem um futuro melhor, procurando mais 'serem' do que 'terem'.

Leiam e guardem essas palavras de esperança e fé!

Fernando Marin



Ensina a teu Filho


Por: Frei Betto


Ensina a teu filho que o Brasil tem jeito e que ele deve crescer feliz por ser brasileiro. Há neste país juízes justos, ainda que esta verdade soe como cacófato. Juízes que, como meu pai, nunca empregaram familiares, embora tivessem filhos advogados, jamais fizeram da função um meio de angariar mordomias e, isentos, deram ganho de causa também a pobres, contrariando patrões gananciosos ou empresas que se viram obrigadas a aprender que, para certos homens, a honra é inegociável.
Ensina a teu filho que neste país há políticos íntegros, administradores competentes, autoridades honradas, que não se deixam corromper, não varrem as mazelas para debaixo do tapete, não temem desagradar amigos e desapontar poderosos, ousam pensar com a própria cabeça e preservar mais a honra que a vida.
Ensina a teu filho que não ter talento esportivo ou rosto e corpo de modelo, e sentir-se feio diante dos padrões vigentes de beleza, não é motivo para ele perder a auto-estima. A felicidade não se compra nem é um troféu que se ganha vencendo a concorrência. Tece-se de valores e virtudes, e desenha, em nossa existência, um sentido pelo qual vale a pena viver e morrer.
Ensina a teu filho que o Brasil possui dimensões continentais e as mais férteis terras do planeta. Não se justifica, pois, tanta terra sem gente e tanta gente sem terra. Assim como a libertação dos escravos tardou mas chegou, a reforma agrária haverá de se implantar. Tomara que regada com muito pouco sangue.
Saiba o teu filho que os sem-terra que ocupam áreas ociosas, griladas ou devolutas são, hoje, chamados de “bandidos”, como outrora a pecha caiu sobre Gandhi sentado nos trilhos das ferrovias inglesas e Luther King ocupando escolas vetadas aos negros.
Ensina a teu filho que pioneiros e profetas, de Jesus a Tiradentes, de Francisco de Assis a Nelson Mandela, são invariavelmente tratados, pela elite de seu tempo, como subversivos, malfeitores, visionários.
Ensina a teu filho que o Brasil é uma nação trabalhadora e criativa. Milhões de brasileiros levantam cedo todos os dias, comem aquém de suas necessidades e consomem a maior parcela de suas vidas no trabalho, em troca de um salário que não lhes assegura sequer o acesso à casa própria. No entanto, essa gente é incapaz de furtar um lápis do escritório, um tijolo da obra, uma ferramenta da fábrica. Sente-se honrada por não descer ao ralo que nivela bandidos de colarinho branco com os pés-de-chinelo. É gente feita daquela matéria-prima dos lixeiros de Vitória, que entregaram à polícia sacolas recheadas de dinheiro que assaltantes de banco haviam escondido numa caçamba.
Ensina a teu filho evitar a via preferencial dessa sociedade neoliberal que tenta nos incutir que ser consumidor é mais importante que ser cidadão, incensa quem esbanja fortuna e realça mais a estética que a ética. Convence-o de que a felicidade não resulta da soma de prazeres e a via espiritual é um tesouro guardado no fundo do coração – quem consegue abri-lo desfruta de alegrias inefáveis.
Saiba o teu filho que o Brasil é a terra de índios que não se curvaram ao jugo português e de Zumbi, de Angelim e Frei Caneca, de madre Joana Angélica e Anita Garibaldi, dom Helder Câmara e Chico Mendes.
Ensina a teu filho que ele não precisa concordar com a desordem estabelecida e que será feliz ao unir-se àqueles que lutam por transformações sociais que tornem este país livre e justo. Então, ele transmitirá a teu neto o legado de tua sabedoria.
Ensina a teu filho a votar com consciência e jamais ter nojo de política, pois quem age assim é governado por quem não tem, e se a maioria o tiver será o fim da democracia. Que o teu voto e o dele sejam em prol da justiça social e dos direitos dos brasileiros imerecidamente tão pobres e excluídos, por razões políticas, dos dons da vida.
Ensina a teu filho que a uma pessoa bastam o pão, o vinho e um grande amor. Cultiva nele os desejos do espírito, a reverência pelos mais velhos, o cuidado da natureza, a proteção dos mais frágeis. .
Saiba o teu filho escutar o silêncio, reverenciar as expressões de vida e deixar-se amar por Deus que o habita.
Frei Betto
Extraído de: http://camaradecultura.org/ensina-a-teu-filho-artigo-de-frei-betto/  , visualizado em 15 de julho de 2013



domingo, 7 de julho de 2013

A importância da participação social






Nas últimas semanas, o tema mais discutido foi o das manifestações populares, que surgiram por todo o território brasileiro. O povo, cansado das desigualdades sociais, da corrupção, da impunidade, da péssima qualidade do transporte e de outras coisas mais foi às ruas, em busca das mudanças que almeja.

Alguns questionaram se cabia aos cristãos, às igrejas se manifestarem nas ruas, ou se isso seria contra os princípios bíblicos.

Como forma de melhor esclarecer esse ponto, publico um artigo que retirei do site da Convenção Batista Brasileira, que esclarece bem essa questão. 

Fernando Marin



A importância da participação social

Luciene Fraga
Coordenadora do Departamento de Ação Social da Convenção Batista Brasileira


“Algum tempo depois, muitas pessoas, tanto homens como mulheres, começaram a reclamar contra os seus patrícios judeus. Quando eu, Neemias, ouvi essas queixas, fiquei zangado e resolvi fazer alguma coisa. Repreendi as autoridades do povo e os oficiais e disse: vocês estão explorando os seus irmãos! Depois de pensar nisso, eu reuni todo o povo a fim de tratar desse problema” (Neemias 5.1,6 e 8).

O texto bíblico trata da exploração dos pobres, onde o contexto social da época era cheio de injustiças, exploração entre os próprios judeus, desigualdades sociais, miséria, humilhação, dentre outras questões sociais que afetavam o povo. Neemias ao saber dessas notícias muito se indignou e “resolveu fazer alguma coisa”. Ele foi um governador que ouviu a voz dos cidadãos que se levantaram. Em levantar as suas vozes, em solidariedade com os irmãos da comunidade judaica, e participar no momento social, estes levaram o governador a eliminar as injustiças e lutar pelo direito do povo.

Sem dúvida as manifestações populares recentes refletem frustrações e indagações semelhantes àqueles levantados pelos judeus. Elas são uma ferramenta importante de participação na construção de uma sociedade mais justa. Porém, em algum momento, tendo o governo satisfeito ou não as reivindicações da população, a onda de manifestações provavelmente acalmará. Como, então podemos participar para que as indagações e injustiças não sejam esquecidas?

No Brasil, diferentemente da época de Neemias, gozamos de processos democráticos que visam a participação direta da sociedade civil, não partidária, na construção da sociedade e de políticas públicas. Mas, como funciona esta participação social e de que maneira podemos contribuir na sociedade?

A Constituição de 1988 consagrou o princípio da participação social como forma de afirmação da democracia. A participação social é o envolvimento dos cidadãos nos processos decisórios em uma sociedade e isso implica em entender as variadas ações que diversas forças sociais desenvolvem com o intuito de influenciar a formação, execução, fiscalização e avaliação de políticas públicas na área social como: saúde, educação, habitação, transporte, etc. Uma das formas de participação social é o envolvimento nos conselhos de direitos. Estes conselhos são órgãos colegiados, permanentes, paritários e deliberativos, com objetivo de formular, supervisionar e avaliar as políticas públicas. Os Conselhos tem se constituído como espaços próprios para incorporar pautas e interesses dos setores sociais que buscam a melhoria da qualidade e a universalização da prestação de serviços, destacando-se como instâncias de construção de direitos, onde a comunidade, através de seus representantes, tem oportunidade de dialogar com o governo.

Outro espaço de participação livre da sociedade são as conferências, que abrangem várias áreas setoriais nas esferas municipal, regional, estadual e nacional. Segundo dados da Secretaria Geral do Governo, entre 2003 e 2012 mais de sete milhões de pessoas participaram do debate sobre propostas para as políticas públicas. Ainda este ano e em 2014 estão previstas 19 conferências nacionais, com expectativa de participação de milhões de pessoas, desde as etapas municipais, livres, regionais, estaduais até a etapa nacional. As etapas preparatórias (municipais, territoriais, temáticas) são momentos importantes e ricos no processo de uma conferência. É nelas que o debate se intensifica, tanto nos temas nacionais como nos locais, proporcionando ao cidadão oportunidade de propor soluções para os problemas da sua cidade, estado e do país.

É fundamental que nós estimulemos os membros de nossas igrejas a participarem nestes espaços públicos. Especialmente diante das manifestações que deixam claro que, até então, a voz da sociedade civil não recebeu atenção suficiente na construção das políticas públicas do país. Procure a CAS - Coordenadoria de Assistência Social do seu município e se informe com as datas das conferências. Abaixo segue a relação de algumas conferências estaduais e nacionais.


2ª Conferência Nacional de desenvolvimento Rural e sustentável
Etapa estadual: 01/06 e 30/07/2013.
Etapa nacional : 09/2013.

2ª Conferência Nacional de Educação
Etapa estadual: 01/07 a 30/09/13
Etapa Nacional:14 a 21/02/14

4ª Conferência Nacional infanto-juvenil pelo meio Ambiente
Etapa municipal:31/11/2013
Etapa estadual: até 17/08/13
Etapa nacional: 10 a 14/10/13

4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente
Etapa estadual: de 30/05 a 10/09/13
Etapa nacional: 24 a 27/10/13

9ª Conferência Nacional de Assistência Social
Etapa municipal:08/05 a 09/08/2013
Etapa estadual: até 08/10/13
Etapa nacional: 16 a 19/12/13

Prezado pastor e líder, incentive os membros da sua igreja a se engajarem em alguma área de participação social, podemos neste tempo ser como Neemias que não ficou estático e lutou em prol de uma sociedade mais justa.
Quer saber mais: www.secretariageral.gov.br .

visualizado em 7 de julho de 2013