Ovelhas
sem pastor – uma reflexão em Marcos 6.30-40
Por: Fernando Marin
O texto bíblico em questão nos relata uma passagem muito
conhecida do ministério terreno de Jesus, quando Ele toma 5 pães e dois
pequenos peixes e, com isso, dá de comer a uma multidão de cerca de 15 mil
pessoas, se somados homens, mulheres e crianças. Esse fato ocorreu já no seu
terceiro ano de ministério quando os apóstolos tinham acabado de voltar de
Cafarnaum, da sua primeira missão de pregarem o Evangelho. Com certeza, eles
estavam cansados, com fome, com os pés doloridos, já que naquela época as
viagens eram feitas caminhando.
Como as pessoas viviam rodeando Jesus, o Mestre preferiu
levá-los de barco até uma região mais sossegada, para que pudessem descansar um
pouco. Porém, mesmo assim eles foram vistos e a multidão os seguiu e os cercou
pelas margens, ou seja, não houve como ficarem a sós.
Diz o texto que quando Jesus viu aquelas pessoas
compadeceu-se delas, quer dizer, sentiu amor por elas, porque pareciam um
rebanho desgarrado , “ovelhas sem pastor”, pessoas que não sabiam para onde
irem, a quem recorrerem, precisavam de alguém que os desse direção.
E passou a ensiná-las, a discipulá-las.
E já no final daquele dia, os discípulos chegam a Jesus e
dizem: ” Mestre, é melhor despedir todo esse povo, para que eles saiam por aí e
comprem comida, porque aqui onde estamos não há como comprar nada.”
Naquele momento, parece que aquelas pessoas se tornaram
um incômodo para eles.
E para nós, será que as pessoas também são um incômodo ou
são merecedoras do nosso amor e atenção?
Mas, Jesus, talvez para prová-los, respondeu: “por que
vocês mesmos não dão comida a eles?”
E aí, a resposta foi aquela que nós mesmos daríamos: como? Com que dinheiro? Nós
não termos dinheiro para comprar comida para todo esse povo. Não, nós não temos
como!
Era muita gente, cerca de 5 mil homens, fora mulheres e
crianças. O que fazer?
Mas, Jesus não se abalou diante daquela dificuldade. Ele
perguntou: “Quantos pães vocês tem?”
A resposta daria para desanimar a qualquer um , menos ao
Mestre: “5 pães e dois peixes”.
Imagino a expressão daqueles homens naquele momento
imaginando o que Jesus iria fazer com 5 pães e dois peixes para que pudessem
alimentar todo aquele povo.
Será que acreditaram que seria possível? Será que olharam
para Jesus desconfiados?
Porém, o filho de Deus não se abalou: mandou que
dividissem toda aquela gente em grupos de 100 e de 50 e mandou que se
sentassem. E, depois de dar graças, partiu aqueles pães e peixes e mandou que
os apóstolos os distribuíssem pelo povo.
E diz o texto que todos comeram e ficaram satisfeitos! E,
mais ainda: diz também que sobraram 12 cestos cheios de pão e peixe!
Essa passagem, muito mais do que simplesmente narrar um
dos milagres de Jesus, pode nos ensinar outras coisas importantes.
Nós, como discípulos de Cristo, aprendemos que podemos e
devemos servir ao Senhor sem preocupação com o nosso sustento. Se Ele pode
alimentar toda aquela multidão ( talvez de 12 a 15 mil pessoas) com 5 pães e
dois peixes, com certeza Ele também pode suprir todas as nossas necessidades.
Porém, há uma condição: trabalharmos para Ele sem nos
preocuparmos de onde virá o sustento. Se buscarmos em primeiro lugar ao Reino
de Deus, toda necessidade será suprida (Mateus 6.31-33).
Um outro ponto: Jesus trabalhou de maneira organizada ,
quando dividiu a multidão em grupos de 50 e de 100. Como Deus, Ele poderia ter
feito de qualquer maneira que fosse, porém, com certeza, Ele quis deixar uma
mensagem.
Todo trabalho deve ser feito de forma sistemática e
organizada (eficácia e eficiência, qualidade total).
Mais um ponto que nos chama a atenção: Ele abençoou e
partiu os pães e peixes. Sem a benção de Deus, nada daquilo seria útil.
Inteiros, não seriam suficientes!
E aí podemos aprender que não nos damos livremente às
pessoas porque não fomos partidos ou quebrados ( preparados, provados,
esvaziados de nós mesmos).
Jesus também não distribui a comida, mas pediu que os
discípulos o fizessem. Com isso, aprendemos que Jesus quer alimentar o Seu povo
por meio do nosso trabalho!
Observamos, também, que houve comida suficiente para
alimentar a todas aquelas pessoas. Isso quer dizer que se hoje todos os servos
de Cristo colocassem o trabalho do Reino acima das necessidades pessoais, o
mundo inteiro poderia ouvir a Palavra da Salvação, já que somos muitos milhões
de cristãos apenas no Brasil.
Constatamos, também, que sobraram 12 cestos cheios de
comida, ou seja, a sobra foi muito maior do que havia no começo.
Realmente, Deus é generoso!
Mas, há um detalhe: toda a sobra de comida foi guardada,
nada foi desperdiçado. Desperdício é pecado! Seja de alimentos, de recursos
naturais, de lixo reciclável.
E, o mais importante de tudo, nada disso teria acontecido
se os discípulos realmente se dispusessem a descansar.
No versículo 31, vemos que Jesus reuniu os discípulos e
os levou de barco para um lugar calmo, para que pudessem repousar.
Quantas vezes isso também acontece conosco? Paramos para
descansar enquanto que as multidões estão por aí, perdidas, como ovelhas sem
pastor!
Paramos para descansar enquanto as multidões estão por
aí, famintas, não só de salvação, mas de alimento mesmo!
E os cristãos estão repousando!
Quanto a isso, o comentarista William Kelly diz que
“Seria melhor para nós se precisássemos descansar mais
dessa maneira; quer dizer, se nossos trabalhos fossem em quantidade excessiva,
se nossos esforços de abnegação para com os outros fossem tão contínuos, então
poderíamos ter a certeza de que essa seria a Palavra do Senhor para conosco.”
É mais que hora de refletirmos sobre a nossa posição
frente às multidões que estão por aí, como ovelhas sem pastor.
Fernando Marin
Excelente!!!
ResponderExcluirObrigado, Austri, você é meu grande incentivador!
ExcluirAbraço.
Muito bom texto!
ResponderExcluirResta-nos introjetar a mensagem e sobretudo, praticá-la.
Muito me incomoda observar nas ruas, na vizinhança, na nossa própria família, pessoas seguindo a vida sem direção, como ovelhas indo para o matadouro, aliada a minha própria inércia ante a essa triste realidade, fundamentada na minha impotência: falta de recursos, estrutura ou disposição para lutar poer essas vidas.
Valeu a chacoalhada!
Abraços,
Marcia salles
Marcia
ExcluirAcho que é esse mesmo o objetivo, uma 'chacoalhada'.
Obrigado!