Desarmamento? de quem?
Por : Fernando Marin
Em
dezembro de 2003, entrou em vigor a Lei 10826, chamada de Estatuto do
Desarmamento, discutida votada e aprovada como uma saída para a escalada da
violência no Brasil.
Seus
defensores, na época, alegavam que a posse e porte de armas pela população
civil abastecia os criminosos de armamento, e que isso estaria causando um
aumento dos índices de criminalidade no país. Defendiam que, se a população não
tivesse armas em seu poder, elas não seriam roubadas e usadas pelos bandidos.
A
Lei criou dificuldades para quem quisesse adquirir ou portar uma arma
legalmente. Com o passar dos anos, ela foi alterada e afrouxada em algumas
situações, permitindo que algumas categorias pudessem possuir armas para a sua
defesa pessoal.
Mas,
a violência não decresceu nesses 14 anos de vigência da Lei, ao contrário, a
criminalidade está cada vez mais colocando em risco a vida dos cidadãos de bem,
numa prova de que, como se afirmava na ocasião, as armas nas mãos dos bandidos
não provinham de furtos e roubos nas residências dos cidadãos, elas eram
obtidas através de contrabando ou desvios das forças armadas e até mesmo das
polícias.
Dias
atrás, foram apreendidos 60 fuzis, provenientes dos EUA, em um container que
passava pelo Aeroporto Internacional do Rio. Segundo a polícia, pelo menos 30
cargas anteriores passaram sem problemas pelo mesmo aeroporto, e essas armas
estavam já nas mãos de quadrilhas em diversos lugares do país.
Quem
conhece o Paraguai, notadamente na região da fronteira com o Brasil, sabe da possibilidade
em se adquirir armamentos de vários tipos, até mesmo pesados, que são
contrabandeados com relativa facilidade, devido à extensão da fronteira e da
fiscalização precária da região.
Agora,
recentemente, dois Foruns em cidades do estado de São Paulo foram invadidos
durante a noite e cerca de 700 armas que lá se encontravam à disposição da
Justiça foram roubadas, com relativa facilidade. Essas armas em poucos dias
serão vendidas e estarão nas ruas, nas mãos de assaltantes, homicidas ou na de
qualquer pessoa que aceite pagar um valor módico por uma delas.
Recentemente,
por iniciativa popular, surgiu a Sugestão Legislativa 4/2017, que previa o fim
do Estatuto do Desarmamento, facilitando mais uma vez a posse e porte de armas
ao cidadão de bem, a proposta foi discutida mas acabou por não se transformar
em Projeto.
Como
cristão, claro que não defendo que qualquer pessoa possa adquirir e usar uma
arma , estamos sujeitos a uma série de fatores que poderiam causar morte ou
ferimentos até mesmo a inocentes. Mas fico indignado com a facilidade que os
marginais tem em obter armamento sofisticado !
Para
que tenhamos uma ideia da situação, entre 1980 e 2014 morreram no Brasil
967.851 pessoas vitimadas por disparos de armas de fogo, isso mesmo, quase 1
milhão de vítimas! Só em 2014, foram 44.861
mortes, colocando o nosso país no 10º lugar do mundo nesse ranking trágico
(segundo a Revista Época).
Creio
que é hora da população cobrar atitudes de
nossas autoridades em relação à posse ilegal de armas no país. Que se fiscalize
as fronteiras, que se investigue com profundidade como esses armamentos
conseguem passar pelos controles alfandegários – tão severos ao cidadão que
chega de uma viagem ao exterior.
Necessárias
também ações nas áreas sociais, principalmente na educação, para que os jovens
tenham acesso à uma formação profissional que assegure seu sustento ,
afastando-os do risco da vida no crime.
Necessário
também que se revisem nossas leis penais, tão brandas em alguns casos que
fomentam a vida marginal.
Necessária
e importantíssima a ação da igreja, em seu aspecto missionário, acolhendo,
ajudando e evangelizando para que cada vez mais pessoas passem a ter uma vida
digna e com mais amor no coração.
Vamos
à luta?
Fernando
Marin
é necessário desarmar, desarmar a corrupção que invadiu esse pais, desarmar esse sistema politico falido. Uma vez quando funcionário publico ouvi a seguinte frase: " criamos a dificuldade, para vender a facilidade" Hoje passados quase 20 anos depois vejo que é infelizmente assim que as coisas funcionam nesse país. A legislação pode até ser dura, mas a dureza não nos trará estabilidade jurídica e social, pelo contrários os mesmo que votam as leis criam e vendem bem caro as facilidades.
ResponderExcluirIrmão, verdade, tem razão. Aliás, a corrupção é grande alada da quantidade absurda de armas nas mãos de bandidos no Brasil. É uma mácula que deve ser extirpada de nossa sociedade.
ResponderExcluir